A pandemia trouxe queda de faturamento e prejuízos para quase todas as empresas. Quase todas. Instalada em São Leopoldo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, a Stihl Brasil não só ampliou suas receitas, como também investiu pesado na fábrica localizada na cidade gaúcha. De origem alemã, a empresa familiar lidera o mercado brasileiro de ferramentas motorizadas portáteis. A fábrica no Brasil conta com 3,5 mil funcionários - sendo 1,4 mil deles contratados a partir de junho do ano passado, ou seja, em meio à crise sanitária -, e
inaugurou recentemente o seu Centro de Operações Motores. Com investimento de R$ 68 milhões, o espaço de mais de 14 mil m2 é o primeiro de uma série de três que serão concluídos ate o final de 2022. Nesta entrevista ao JC, o presidente da Stihl Brasil, Cláudio Guenther fala sobre o atual cenário da empresa e sobre os planos para o futuro.
Jornal do Comércio - O novo prédio já inicia com operação plena ou ela será gradual?
Cláudio Guenther - A construção de novo prédio ficou pronta em 2020. Estamos fazendo a transferência aos poucos e a previsão é de que terminemos essa etapa em dezembro de 2022. Por que aos poucos? Em função da alta demanda das vendas que cresceram muito, não estamos com condições de parar de produzir, pois damos prioridade para atender ao mercado. Então, a transferência será aos poucos por causa do crescimento das vendas.
JC - Para a produção da fábrica, essa expansão inaugurada no início do mês irá representar o quê?
Guenther - Vai influenciar na parte da sustentabilidade, no reuso da água, no armazenamento de água ao redor do prédio em caso de fortes chuvas para que seja solta aos poucos, evitando alagamentos ou enchente no rio. Temos novas máquinas, que irão gerar economia do consumo de energia elétrica. Será uma área com melhores condições para os nossos funcionários, com banheiros amplos. O novo empreendimento será crucial para a expansão da nossa força de produção e para a evolução da tecnologia utilizada, o que otimiza ainda mais o processo já existente.
JC - Com a expansão da planta fabril, a capacidade de produção será ampliada de que forma?
Guenther - Em 2019, chegamos a um faturamento de R$ 1,5 bilhão. Em 2020, o início da pandemia nos assustou. Achávamos que iríamos reduzir as nossas vendas em 20%. Fomos surpreendidos e crescemos na pandemia para um faturamento de aproximadamente R$ 2,3 bilhões no ano passado. Sequer estávamos preparados. Ficamos surpresos com esse aumento da demanda, tanto no Brasil como também para exportação. Nesse ano, em que achávamos que esse boom de vendas iria se normalizar, devemos chegar a um faturamento de R$ 3 bilhões. Estamos trabalhando, os funcionários estão trabalhando. Trabalhamos 24h por dia, sete dias por semana. Acreditamos que, no ano que vem, teremos uma normalização dos estoques.
JC - No início do ano, a empresa tinha previsão de investimento que poderia chegar a R$ 514 milhões neste ano. O que se concretizou dessa estimativa?
Guenther - No nosso orçamento ordinal para 2021, estavam previstos R$ 134 milhões de investimento. Com o aumento das vendas e a necessidade de mais máquinas, nosso investimento subiu para R$ 575 milhões. São investimentos aprovados. Eles podem se concretizar durante 2021 ou em 2022. São prédios, obras, máquinas, instalações. O aumento do volume de vendas gerou um consequente aumento de investimento. São R$ 575 milhões em investimentos liberados em 2021.
JC - Qual a participação dos entes governamentais nessa expansão?
Guenther - Incentivos nós não temos nenhum. Nesse momento de construção, precisamos das licenças ambientais. Os processos são demorados, mas, como eles conhecem a nossa empresa, ela já está toda mapeada, não é que pedimos prioridade, mas pedimos que, havendo alguma dúvida a ser sanada, que perguntem diretamente para nós para que o projeto não fique parado. O que pedimos é apoio nas licenças, tanto estadual quanto municipal.
JC - Como está a área física do complexo pensando em novas expansões?
Guenther - Apresentamos ao senhor Stihl todas as possibilidades de ampliação. Ainda temos bastante espaço para ampliar. Prédio antigos darão espaço para novos prédios. Temos 272 mil m2 de área física total, e teremos 106 mil m2 de área ocupada. Temos mais espaço para otimizar prédios. O o senhor Stihl já nos autorizou a fazer o projeto no ano que vem para o novo escritório central. Temos espaço ainda para fazer dois módulos de ampliação do CD, que pode ser usado para a logística interna ou para a exportação. Ano que vem, vamos abrir um CD em Belém (PA), para estarmos mais próximos dos nossos clientes. Temos um CD em Jundiaí (SP). Então, temos espaço. Mas, sim, a empresa está pensando sim. Pensamos 10 anos, 15 anos à frente na questão do aproveitamento de terreno.