Jefferson Klein
A Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (ISA Cteep) arrematou, no leilão de transmissão realizado nesta quinta-feira, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o lote 1 que contempla uma série de obras a serem feitas na região serrana do Rio Grande do Sul. O investimento nesses complexos, que compreendem 169 quilômetros de extensão em linhas e subestações com 2.691 megavolt-ampère (MVA) de potência, é estimado em R$ 681,5 milhões. Pelo que está previsto nas regras do certame, os empreendimentos precisam iniciar a operação comercial até 20 de março de 2025.
O diretor financeiro e de Relações com Investidores da ISA Cteep, Alessandro Gregori, informa que, se os estudos técnicos demonstrarem a possibilidade de antecipação das obras, essa opção será considerada no plano de negócios. O executivo acrescenta que a empresa tem interesse em contratar mão de obra local para realizar as iniciativas. O coordenador do grupo temático de energia da Fiergs, Edilson Deitos, argumenta que essas obras já deviam ter sido feitas. O dirigente recorda que a serra gaúcha é uma área que apresenta uma grande demanda de energia, principalmente, devido à presença de muitas empresas do setor metalmecânico e de transformação de resinas plásticas.
Um fato positivo ressaltado pelo integrante da Fiergs é que os recentes leilões de transmissão de energia têm atraído empresas com experiência no setor, e não "aventureiros". No caso da ISA Cteep, a companhia apresentou oferta de R$ 37,7 milhões pelo lote 1, representando um deságio de 66,85% em relação à Receita Anual Permitida (RAP), que estava estipulada em R$ 113,8 milhões. A companhia foi vencedora por oferecer a menor RAP em relação ao preço-teto estabelecido pela agência, que é a receita a que o empreendedor terá direito pela prestação do serviço de transmissão a partir da entrada em operação comercial das instalações.
No total, o leilão contou com uma média de, aproximadamente, 10 proponentes por lote. Foram negociados 12 lotes com empreendimentos no Acre, Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo. O certame contemplou 2.470 quilômetros de linhas de transmissão e subestações que acrescentarão 7.800 MVA em capacidade ao sistema.
O certame terminou com deságio médio recorde de 60,30%, o maior da história dos leilões promovidos pela Aneel. Isso significa que a receita dos empreendedores para exploração dos investimentos ficará menor que o previsto inicialmente, contribuindo para modicidade tarifária de energia. As obras representarão investimentos da ordem de R$ 4,2 bilhões em estruturas de transmissão de energia elétrica, com estimativa de geração de 8.782 empregos diretos.