Pequim
Unindo Inteligência Artificial (IA) e uma equipe de 20 mil profissionais de checagem, a chinesa Bytedance está promovendo um grande combate virtual aos rumores que se espalham pela rede. Instalada desde 2016 no Brasil, a empresa assegura já ter eliminado de suas redes mais de 6 mil notícias falsas e suspendido cerca de 200 usuários devido a este tipo de postagem e outras falhas de conduta.
O centro avançado de investigação antirrumores da empresa foi criado em 2017 e já pode ser considerado um modelo a ser adotado por outras redes. O combate aos rumores é feito de três maneiras: primeiro, a empresa usa o chamando Processamento de Linguagem Natural (NLP, na sigla em inglês), que é o segmento da Inteligência Artificial que ajuda computadores a entender, interpretar e manipular a linguagem humana. Por meio desta primeira varredura, o sistema encontra suspeitos. Depois, as mensagens são verificadas manualmente.
"O modelo de NLP utilizado pela Bytedance tem uma base de dados colhidos em 400 mil fake news. Sacamos palavras-chave desses arquivos e vemos se encaixam nos artigos suspeitos", explica He Zizhang, operador do Media Lab, responsável pelo projeto.
O sucesso da união de um sistema de IA e checagem humana e o modelo de trabalho criado pela empresa chamou a atenção da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, com quem agora a Bytedance inicia uma nova e importante parceria, comemora He.
"Com a universidade faremos investigação específica sobre as características dos usuários mais suscetíveis a leitura de fake news e as características mais comuns entre os emissores de notícias falsas", antecipa He.
A Bytedance não se limita, no entanto, à busca constante pela identificação de fake news em suas redes, especialmente no Tou Tiao (aplicativo agregador de notícias personalizadas conforme o perfil de cada usuário). O chamado sistema de clarificação da empresa, outro modelo que pode servir como exemplo a diferentes redes, vai além. "Assim que foi identificado que o usuário leu uma notícia falsa, ele recebe um alerta da empresa de que o artigo que leu tem informações erradas ou falsas. E um artigo com a notícia verdadeira é enviado para que clarear a informação", destaca He.
De acordo com as análises da empresa, predominam entre as fake news muitas notícias na área de saúde (sobre como manter o corpo bonito, saudável e em forma) e não há nenhuma região que se destaque como emissora. "Elas saem de todos os lados. Isso porque cada um de nós é um potencial emissor de fake news ao compartilhar conteúdos", alerta He.
Nestes quase dois anos de trabalho, a empresa já identificou que boa parte dos rumores e fake news têm como principal hora de emissão entre 8h e 9h, pela manhã, e 21h e 22h, na noite. E muitas fake news têm como sinais comuns os títulos e palavras sensacionalistas, que geram os alertas no sistema e são palavras às quais os leitores devem ficar atentos.
"Aqui, por exemplo, se usa muito em notícias falsas expressões exageradas, como 'se você não compartilha esse artigo não é um verdadeiro chinês'", exemplifica He, dando um exemplo local, mas que serve como sinal de alerta para internautas de todo o mundo.