O eixo central dos debates do 11� Encontro Nacional de Ferramentarias (Enafer), que teve in�cio nesta quinta-feira, em Caxias do Sul, � o Programa Rota 2030, novo regime para o sistema automotivo em substitui��o ao Inovar-Auto, que teve sua vig�ncia encerrada em dezembro de 2017. O formato do novo regime e suas condi��es interessa diretamente � ind�stria de ferramentais, que tem no segmento automotivo um de seus maiores clientes.
O programa, que deve ser anunciado pelo governo ainda em maio, � considerado vital para dar sustentabilidade a todos os participantes da cadeia automotiva, pois demandar� aumento no uso de conte�dos nacionais, criando mais e novas oportunidades de neg�cios. Os ajustes finais em discuss�o entre �reas do governo federal e setores empresariais diretamente envolvidos ser�o expostos por Igor Calvet, titular da Secretaria de Desenvolvimento e Competitividade Industrial do Minist�rio do Desenvolvimento, Ind�stria e Com�rcio Exterior (Mdic), durante palestra no in�cio da tarde desta sexta-feira, no UCS Teatro, onde se concentrar� toda a programa��o.
Programado para ser anunciado em agosto do ano passado, o Rota 2030 vem sendo protelado sucessivamente. O ponto cr�tico tem sido a contrariedade dos t�cnicos da Fazenda � prov�vel ren�ncia de impostos na ordem de R$ 1,5 bilh�o, valor a ser destinado � �rea de desenvolvimento e pesquisa.
Segundo Christian Dihlmann, presidente da Associa��o Brasileira de Ferramentais (Abinfer), o setor tem consci�ncia de que dificilmente se repetir�o as diretrizes de funcionamento do Inovar-Auto. Por�m h� um anseio claro por isonomia frente �s condi��es de disputa verificadas no mercado externo. "N�o queremos agir sem regras, mas, quando se permite que outros pa�ses o fa�am e ainda se comprem moldes de l�, a luta fica injusta. O Brasil precisa gerar emprego, mas coloca regras demais, que inviabilizam a competitividade. Concorremos com pa�ses que n�o t�m o m�nimo respeito pelo meio ambiente, onde as ind�strias n�o t�m sequer que atender �s normas de um conselho de engenharia e arquitetura. Deste jeito, as empresas brasileiras v�o fechando, gerando desemprego e acabando com o poder aquisitivo da popula��o. Se continuar assim, n�o haver� mercado consumidor interno nem para adquirir os produtos que v�m da China", adverte.
Gelson de Oliveira, vice-presidente t�cnico da Abinfer, acrescenta que as regras do jogo devem ser claras para que o empres�rio possa definir a sua estrat�gia de neg�cio, direcionando a��es para o mercado interno ou apostando no externo. Segundo ele, o Inovar-Auto garantiu que as ferramentarias se mantivessem ativas, mesmo com as dificuldades decorrentes da crise. "Teria sido muito pior sem o Inovar-Auto. Por isso, a necessidade urgente da aprova��o do Rota 2030", sustentou.
Oliveira, empres�rio do setor em Caxias do Sul, lembrou que, atualmente, a capacidade instalada nas ferramentarias atende em torno de 30% das demandas da ind�stria automotiva. Atualmente, o �ndice m�dio de atendimento � de 15%. "No momento, quem determina como e onde ser�o feitos os moldes � a matriz das montadoras. Por isso, a sa�da para resolver essa equa��o � uma pol�tica governamental, importante, inclusive, para as montadoras", assinala.
A defini��o das regras � importante para que as empresas possam se preparar diante da perspectiva de retomada mais intensa da atividade econ�mica nos pr�ximos anos. De acordo com Jos� Alceu Lorandi, integrante do Conselho Fiscal da Abinfer, e diretor da Ind�stria de Matrizes Belga, de Caxias do Sul, o ano de 2018 ainda ser� de instabilidade em raz�o do processo eleitoral de outubro, mas os seguintes, de 2019 a 2021, apontam para um desempenho mais consistente.