Inconformado com a falta de reconhecimento, um homem apresentou sua grande invenção: uma roda quadrada. Era muito difícil andar com ela, mas era uma novidade. Ela atrasava os deslocamentos, mas para que andar tão rápido? Melhor mesmo era deixar ela parada: ficar se mexendo muito, pode realmente atrapalhar. De uns tempos para cá, parece que virou moda querer reinventar a roda. Tudo precisa ser reinventado. Tudo? É, quase tudo. Há feudos com muros altos e togas preciosas que resistem bravamente a qualquer mudança. Começando por auxílios à moradia.
Mas vamos voltar à roda. A roda viva que quer atropelar os trabalhadores, acabar com a sua dignidade e esmagar os seus direitos. Com o falso discurso que é preciso reinventar os sindicatos, os defensores das reformas trabalhista e previdenciária estão deixando os trabalhadores ao Deus dará. Pior: ao que o diabo propor.
Quer melhores salários? Agora, não dá. Precisa descansar? Está demitido. Engravidou? Que pena. Pena de quem acredita que essas reformas são a favor da classe trabalhadora. Na hora de negociar, sozinho e frágil, o trabalhador será apenas uma peça fácil de descartar e substituir.
O sindicato, o verdadeiro sindicato, aquele que representa o trabalhador, faz vozes se tornarem gritos, mãos se tornarem punhos, pedidos se tornarem direitos. Esse sindicato precisa sim da contribuição do trabalhador, pois contribui, e muito, para que esse mesmo trabalhador não seja deformado por uma reforma falsa e com interesses muito claros, mas devidamente escondidos. Um deles? Quebrar com os sindicatos alegando uma reinvenção da roda. O começo pode até ser diferente, mas o fim é o mesmo: a roda quadrada quer acabar com os sindicatos e deixar os trabalhadores sozinhos no meio do caminho.
Presidente do Sindec-POA