"Cuide do neg�cio para depois ele cuidar de voc�"
Patrícia Palermo é autoridade em assuntos de Economia no Rio Grande do Sul. De fala fácil para temas complexos, é economista-chefe do Sistema Fecomércio-RS e professora da ESPM-Sul. Eleita economista do ano em 2016 pelo Conselho Regional de Economia do Rio Grande do Sul (Corecon/RS), nesta entrevista ela fala sobre alguns pontos do panorama atual do Estado e dá dicas para as pequenas empresas.
"O negócio é movido pela paixão, mas sem capital de giro nada funciona", responde ela, em uma das perguntas. Uma aula e tanto. Confira a conversa e assista ao vídeo:
GE -Tu achas que o consumo do brasileiro está mudando com a nova geração?
Patrícia Palermo - Está havendo mudanças sim, e elas vêm dos interesses que as pessoas têm. Naquelas classes de renda mais elevadas, com acesso a informações ligadas, por exemplo, à preservação da natureza, à preocupação com causas sociais, essas preocupações com o futuro, o comportamento de consumo muda. Seja de energia, seja na reutilização das coisas. E estou falando isso basicamente sobre crianças, jovens e adolescentes que entram no mercado de consumo. Essa é uma coisa importante, que vai se consolidar ao longo do tempo. Mas não se pode esquecer que a gente vive num país ainda muito limitado com a questão da renda. Isso significa que as pessoas vão apoiar todas as causas e serão sensíveis a esse tipo de coisa, desde que sejam capazes de pagar. Basicamente, preço é uma questão que a gente tem que se importar muito.
GE - Se tenho um pequeno negócio, preciso prestar muita atenção economicamente em quê?
Patrícia - O pequeno negócio tem uma vantagem em relação ao grande, porque pode se adequar muito rapidamente a modificações. Por exemplo, se mudar o clima, o pequeno tem a liberdade de trocar a vitrine sem perguntar para ninguém. Para incluir produtos, a decisão é infinitamente mais rápida. Mas, muitas vezes, o pequeno não tem dinheiro para fazer com que isso aconteça rapidamente. O que as empresas têm que entender é que quando um negócio nasce, o tempo que você vai gastar planejando o negócio é o tempo que você vai economizar se lamuriando depois que der errado. O negócio é movido pela paixão, mas sem capital de giro nada funciona. E se você lida com pessoas mais jovens, invista em marketing digital, porque o on-line e o off-line estão muito misturados para estas pessoas.
GE - O produto que vende é necessariamente o mais barato?
Patrícia - Uma coisa que a gente identifica é que são poucos os comerciantes que, de fato, estudam o seu mix de produtos. Eles não analisam o que vendem ou não. Eles vendem o que sempre venderam. Se é comprado ou não, isso é um segundo ponto. Então, de novo, você tem de gastar tempo pensando no seu negócio. Eu brinco que é preciso cuidar muito do seu negócio para depois ele cuidar de você. Primeiro, tem que pensar no giro de cada uma das suas mercadorias. Uma por uma. E abrir espaço para conhecer novos fornecedores, testar se algumas coisas dão certo ou não dão.
GE - Pode dar um exemplo?
Patrícia - No ramo da moda, por exemplo, existe uma dificuldade enorme da indústria do vestuário no Rio Grande do Sul vender para o varejo gaúcho. Porque sempre se comprou de São Paulo. E por que não conhecer o novo? Talvez você não venda por causa da crise, ou talvez você não venda porque as pessoas não queiram comprar o produto que você tem a oferecer. E essa autocrítica é necessária para a sobrevivência.
GE - E como é a Patrícia consumidora?
Patrícia - Eu compro muito movida à necessidade que julgo ter. Quando preciso de algo, avalio as alternativas. Quando as alternativas são semelhantes, é óbvio que olho para o preço. Olho muito para atendimento, qualidade e faço uma visitinha sempre antes na internet. Sempre volto aos lugares onde sou bem atendida.
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