A Petrobras só voltará a pagar dividendos aos acionistas em caso de resultado positivo, reforçou o diretor financeiro, Ivan Monteiro. Segundo ele, a companhia apresentou "métricas importantes" para perseguir as metas de redução da alavancagem, tendo como premissa principal a venda de ativos.
"Diante do volume de redução de gastos e do nível de eficiência que vamos dar à companhia, com a incorporação de parceria e desinvestimentos, em definitivo como política a ser explorada nos próximos anos e principal fonte de redução de alavancagem da companhia, apresentamos várias métricas importantes de como vamos perseguir e antecipar a redução da alavancagem", explicou. "Isso significa que tendo resultados, a companhia volta a pagar dividendos. Não tendo resultados, não temos dividendo", afirmou Monteiro
na coletiva em que foi anunciado o plano de negócios da Petrobras para 2017-2021.
O presidente da companhia, Pedro Parente, classificou que a companhia foi "conservadora" na utilização de premissas econômicas em relação à "paridade de preços internacionais". O diretor Jorge Celestino indicou que a companhia se reúne semanalmente para avaliar a evolução das margens de lucro e participação de mercado da BR Distribuidora com a prática dos preços acima dos níveis internacionais.
O diretor Financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, afirmou ainda que a empresa trabalha com caixa mínimo de US$ 20 bilhões, "dadas as situações de risco às quais a companhia ainda está submetida". Mas, ao longo do período de 2017 a 2020, horizonte do plano de negócios, o caixa mínimo será de US$ 18 bilhões ao ano. Ele destaca que pequenas flutuações podem ocorrer ano a ano.
Em teleconferência com analistas de mercado, Monteiro afirmou também que a empresa trabalha com um número de ativos que podem ser vendidos que, se somados, valeriam mais do que os US$ 19,5 bilhões de desinvestimento e parcerias previstos para os próximos cinco anos.
Desinvestimentos não afetam produção
A diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Solange Guedes, reforçou em teleconferência com analistas que a redução de investimentos da companhia não afeta a produção no curto prazo. Ela indicou que a queda nos investimentos, entretanto, deve se reverter no final dos próximos cinco anos.
Ela negou que em 2021 os valores de investimento sejam superiores aos previstos para 2017. Ao todo, nos próximos cinco anos, a previsão é investir US$ 60 bilhões na área.
"Temos uma redução ao longo do período, mas crescente no final", afirmou Solange Guedes. "Temos em estudo a alternativa de carregar o capex por parte de parceiros, do ponto de vista do conceito. Mas nos números que mostramos ainda não há eventos dessa natureza", completou.
A diretora destacou também a importância dos ganhos que a empresa poderá ter com a manutenção da sua estrutura de operação já existente, que independe de construções. "Não reduzimos os investimentos em manutenção, mas otimizamos", afirmou ela, em teleconferência com analistas de mercado para apresentar o plano de negócios para o período de 2017 a 2021.
O diretor de Desenvolvimento da Produção e de Tecnologia, Roberto Moro, ressaltou ainda as oportunidades de redução de custo na empresa com a adoção de melhorias no processo, com o programa de orçamento base zero. "O orçamento base zero já é conhecido e usado em vários setores da economia. Estamos bastante confortáveis em relação à introdução e eficácia da ferramenta. Já fizemos em alguns setores da Petrobras, mas será a primeira vez que será aplicada em toda companhia", disse o diretor.
Petrobras que repetir modelo de parceria feito na Refap
Com a decisão da Petrobras de buscar parceiros para investir nos ativos na área de downstream, o modelo em estudo pela petroleira é a parceria firmada na gestão da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul, em 2001. Naquela época, a empresa Repsol adquiriu 30% das ações da subsidiária que administra a refinaria. O negócio foi desfeito em 2010, com a recompra das ações pela Petrobras.
De acordo com o diretor Jorge Celestino, de Refino e Gás Natural, o modelo já está sendo conversado com investidores. O executivo informou também que o modelo prevê uma "prática de preços liberada para que sócios decidam os movimentos".
"A parceria Refap/Repsol é modelo de negócio que garante operação confiável e segura. Onde o sócio busca uma prática de preços sempre competitiva, uma confiabilidade no escoamento da produção, acesso ao mercado. Esses são os modelos que estamos considerando que garantam aos parceiros a estabilidade no negócio e na parceria", explicou o diretor. "A gente quer deixar uma prática de preços competitivos, liberada para que os sócios decidam os movimentos a serem feitos", completou.