Michele Rolim
O ano começa com boa notícia na área cultural: a Sala Qorpo Santo, localizada junto ao Campus Centro da Ufrgs, irá reabrir em março. O espaço, coordenado pelo Departamento de Arte Dramática (DAD) do Instituto de Artes, vai voltar a abrigar as atividades de ensino, de extensão e os ensaios dos alunos. Neste ano, comemoram-se 150 anos da primeira peça do autor e cinco décadas da primeira montagem de textos dele.
Conforme a professora do DAD Patrícia Fagundes, a expectativa é de que a reinauguração ocorra em 14 de março com o espetáculo Santo Qorpo ou O louco da província, com direção de Inês Marocco e elenco do grupo Santo Qoletivo. A peça discorre sobre a vida e obra do dramaturgo gaúcho que dá nome ao espaço cultural. O espetáculo deve cumprir temporada até o dia 24 de março, de segunda quinta-feira.
Inaugurada em 1986, a sala de 163 lugares estava fechada há cerca de seis anos para reformas. O projeto, inicialmente, previa uma grande reestruturação, que incluiria a estrutura do prédio. As alterações acabaram limitadas à recuperação da estrutura elétrica, pintura, manutenção de banheiros e dos camarins e à estrutura da cabine.
Também houve a aquisição de equipamentos como sistema elétrico de varas, cortina nobre com abertura elétrica, novo panejamento (rotunda, pernas, bambolinas), mesa digital de iluminação, dimmers, refletores, elipsoidais, PCs, fresnel, mesa de som, caixas, ciclorama e máquina de fumaça.
Dois projetos custearam a compra de equipamentos: o CT Infra 2008 (com cerca de R$ 237 mil) e o CT Infra 2010 (R$ 322 mil). O CT Infra é um fundo da Finep (empresa vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação), criado para viabilizar a modernização e ampliação da infraestrutura e dos serviços de apoio à pesquisa desenvolvida em instituições públicas de Ensino Superior e de pesquisas brasileiras.
"Nesse tempo em que a sala Qorpo Santo esteve fechada, houve uma longa batalha institucional dentro dos trâmites necessários para pleitear editais de verbas para as reformas. Em alguns pontos, essa batalha foi bem-sucedida; em outros, não conseguimos tudo o que queríamos, mas a sala vai reabrir com equipamento de última tecnologia, o que envolveu o esforço de muitas pessoas", afirma Patrícia.
Segundo a docente, estruturalmente a sala está encaminhada, mas ainda faltam terminar questões operacionais, "que dependem de uma garantia da universidade". A principal questão a que ela se refere é a necessidade de se contratar um técnico permanente para a Qorpo Santo. "Os alunos não podem operar os equipamentos - isto somente com o acompanhamento de um profissional para garantir a segurança do material", relata a professora.
Para Matheus Melchionna, presidente do Centro Acadêmico Dionísio (CADi), a reabertura da sala, reformada e com novos equipamentos, é uma ótima notícia para os estudantes de teatro. "Ganhamos mais um espaço de experimentação na universidade, com o dobro de lugares do nosso atual teatro (Sala Alziro Azevedo, instalada no prédio do DAD), representando um salto de qualidade em relação ao espaço físico que nós já contamos", afirma.
Conforme o estudante, a reabertura termina com sucessivos adiamentos. "Através da mobilização de alunos, professores e técnicos do DAD, que começou ainda em 2012, conseguimos essa realização. Além dos alunos, a comunidade também sai ganhando, pois agora de dispõe de um novo teatro, no Campus Central da universidade, onde há mais circulação de pessoas, o que possibilita mais oferta de atrações culturais para todos, especialmente as produções do curso de Teatro da Ufrgs", completa.
Já faz algum tempo que espetáculos desenvolvidos dentro da universidade têm ganho prestígio e prêmios, como O sobrado, Incidente em Antares (os dois com com direção de Inês Marocco) e O feio (peça de 2014, direção de Mirah Laline).
Patrícia Fagundes destaca que o Campus Central é um lugar historicamente significativo no panorama da cidade e funciona como um centro irradiador de cultura e política. "Afirmar esses espaços, no Centro da Capital, é fundamental. Reabre um espaço que não é somente do DAD, é da cidade. Assim, garante-se que a produção artística reverbere não apenas dentro da Ufrgs, mas em outros espaços da cidade", finaliza Patrícia.