O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que a Justiça quer tirá-lo da disputa eleitoral em 2026 e que vê um "teatro processual". A Primeira Turma do Supremo decidiu nesta quarta-feira (26) torná-lo réu sob acusação de liderar uma trama golpista em 2022.
"O tribunal tenta evitar que eu seja julgado em 2026, pois querem impedir que eu chegue livre às eleições porque sabem que, numa disputa justa, não há candidato capaz de me vencer", afirmou quando já havia maioria pela decisão no tribunal.
"A julgar pelo que lemos na imprensa, estamos diante de um julgamento com data, alvo e resultado definidos de antemão. Algo que seria um teatro processual disfarçado de Justiça - não um processo penal, mas um projeto de poder que tem por objetivo interferir na dinâmica política e eleitoral do País", completou.
A fala foi feita no X, antigo Twitter, enquanto Bolsonaro acompanhava o final do julgamento da admissibilidade do caso no gabinete do filho Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no Senado.
Durante o dia, aliados visitaram-no no local. A senadora e ex-ministra Damares Alves (Republicanos-DF) fez uma oração com o ex-presidente e divulgou uma foto rindo ao lado dele.
Pouco depois de se tornar réu, Bolsonaro afirmou que é alvo de acusações "graves e infundadas". Ele também voltou a atacar as urnas eletrônicas, afirmando que não é obrigado a confiar em um "programador".
O ex-presidente disse que a comunidade internacional acompanha o julgamento, sem mencionar diretamente Donald Trump, presidente dos Estados Unidos considerado seu aliado. "Juristas, diplomatas e lideranças políticas já reconhecem o padrão: é o mesmo roteiro que se viu na Nicarágua e na Venezuela", disse o ex-presidente.
Na véspera, o ex-presidente manteve sigilo até uma hora antes de iniciar o julgamento sobre onde acompanharia a sessão, para logo aparecer na corte e se sentar na primeira fileira.