"Muitos omeletes são feitos quebrando ovos." Foi assim que a vice-prefeita Betina Worm (PL) definiu a atuação do poder público, especialmente no trabalho de rearborização da Capital e de prevenção contra novas enchentes. Betina, que está cumprindo função de prefeita interina durante a viagem do prefeito Melo (MDB) a Brasília, detalhou os principais desafios para a gestão e explicou o que já está sendo feito na cidade durante palestra no Menu Poa, evento organizado pela Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA). Convidada em razão do mês da mulher, a ex-militar afirmou que "se tem alguém que sabe o que é trabalhar em um ambiente masculino, eu tenho alguma escola".
Em sua fala, a prefeita interina destacou o trabalho do Executivo municipal na prevenção contra cheias, ressaltando ações como o alteamento do dique do Sarandi, reformas nas casas de bomba e em bocas de lobo, criação de novas estruturas de bombeamento e fechamento dos portões um, três e cinco do muro da Mauá. A ex-militar também comentou sobre a criação do Centro de Monitoramento e Alerta da Defesa Civil (Cemadec) e do Centro de Monitoramento e Contingência Climática, ligado à Secretaria do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus). Segundo ela, as obras de reconstrução de Porto Alegre já somam R$ 536 milhões. A prefeitura prevê que todos os ajustes totalizarão R$ 839 milhões, ainda que a prospecção seja de R$ 1,2 bilhão.
Os recursos utilizados para custear a reconstrução vêm das mais diversas origens. Na gestão anterior, o governo Melo havia pedido financiamentos federais por meio do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e da Comissão de Financiamentos Externo (Cofiex). Contudo, os recursos não foram autorizados. Após as enchentes, os valores foram liberados pelas entidades federais, fazendo com que R$6 bilhões chegassem ao estado. Financiamentos como o do Banco Mundial e da AFD (Agence Française de Développement) já haviam sido negociados e aprovados antes da catástrofe climática, mas somaram-se aos cofres municipais recentemente e serão usados para requalificação do espaço urbano, projetos de transporte público e micro e macrodrenagem no Centro Histórico e no Quarto Distrito. Já com os recursos do banco alemão KfW, que também haviam sido acordados anteriormente, será feita a macrodrenagem dos arroios Moinho, Cavalhada e Guabiroba. A Capital também recebeu repasses do Comitê Andino de Fomento (CAF) e do Banco Interamericano de Fomento (BID).
No evento, Betina detalhou a sua atuação como vice-prefeita, elencando os temas segurança, mobilidade urbana, causa animal, relações internacionais e desenvolvimento econômico como seus principais focos. Ela, que está assumindo um cargo político pela primeira vez, afirma que sua rotina tem sido intensa. "Acho que as dificuldades estão me ensinando até a ter mais jogo de cintura", comenta. Sobre a reunião do prefeito com o ministro Fernando Haddad (PT), Betina afirma que serão tratados assuntos relacionados à Reforma Tributária e ao aumento da passagem de ônibus na Capital. "Uma das coisas que está se estudando e analisando a melhor forma de abordar e solucionar é o repasse da isenção dos 65 , que é responsabilidade do governo federal", explica a prefeita interina. Segundo ela, a ausência de repasses federais para custear a isenção de passageiros do transporte público com mais de 65 anos impacta diretamente no valor cobrado pelo poder público. "O governo federal não está atendendo a lei como deveria", finaliza.