Tendo assumido a presidência da Famurs em meio à maior catástrofe natural da história recente do Rio Grande do Sul, em maio do ano passado, Marcelo Arruda comandou nesta quinta-feira (20) a abertura da Assembleia de Verão 2025, na Sociedade dos Amigos do Balneário de Atlântida (Saba), em Xangri-Lá. Arruda deixará de ser presidente da Famurs em maio deste ano, quando a federação realizar uma nova eleição.
Ao Jornal do Comércio, o presidente da Famurs conta os principais temas a serem debatidos no evento que reúne gestores municipais de todo o Estado, além de outras autoridades do RS. Arruda destaca assuntos como os trabalhos para tornar os municípios gaúchos mais resilientes às mudanças climáticas e os desafios para a irrigação de propriedades rurais gaúchas, especialmente no contexto de estiagem que o Estado atravessa no início de 2025.
Jornal do Comércio - Qual a expectativa com a Assembleia de Verão 2025?
Marcelo Arruda - A Assembleia está sendo um grande sucesso, um momento ímpar de a gente poder reunir os novos prefeitos e prefeitas das 497 cidades, sendo 311 que foram eleitos para um novo mandato, e 186 reeleitos. Mas todos de mãos dadas realmente para defender o municipalismo, e poder compartilhar as dores, os desafios que têm nas suas cidades, mas buscando boas práticas, bons exemplos que a Assembleia de Verão proporciona. A gente traz o governo do Estado, o governo federal, os órgãos de fiscalização e debate outros temas de importância municipal, como a transição energética, a importância da resiliência. Nós vamos estar com a Defesa Civil nacional e estadual, que estarão apresentando o que cada governo ajuda os municípios, e como é que tem que caminhar para a gente ser ágil. E, principalmente, para que cada município - e a gente tem provocado isso - tenha um plano de contingência, um planejamento pra enfrentar as mudanças climáticas, que se tornaram rotina. A gente tem que se adaptar. Não adianta chorar, não adianta reclamar. A gente tem que se adaptar, e esse é o nosso papel como federação: orientar e auxiliar os nossos prefeitos e prefeitas.
JC - Quais os temas de debates que destaca para o evento?
Arruda - A gente vai ter o tema da irrigação, porque nós estamos vivendo novamente uma estiagem, então estamos reivindicando que o governo federal e o governo do Estado ajudem os nossos agricultores. Mas também nós temos que, através dos programas do Estado - e os municípios estão criando políticas públicas -, criar um grande movimento para a irrigar as nossas propriedades no meio rural, dando segurança hídrica para o agricultor poder produzir. Além disso, nós vamos estar falando também do desenvolvimento econômico, com o secretário Ernani Polo trazendo a pauta de implantação de distritos industriais, que também é uma demanda dos municípios. O governo federal trazendo os temas, através da Caixa Federal, da habitação, e os programas que existem para os prefeitos estarem acessando. E o turismo também a gente está aproveitando, no litoral gaúcho, para debater as grandes oportunidades para poder desenvolver as nossas cidades. Todos os municípios têm potencial, só depende de se preparar, se organizar, identificar qual que é a vocação, para poder ser mais uma alternativa de desenvolvimento da cidade. Então, a Assembleia já é um sucesso e vai, com certeza, ser com um grande encaminhamento nesses dois dias de trabalho para a gente poder continuar trabalhando no decorrer de 2025.
JC - No âmbito dos municípios gaúchos, o que avalia ser o principal desafio para 2025?
Arruda - Segue a resiliência. Além disso, como é o início de mandatos, que realmente a gente tenha um planejamento para o desenvolvimento das cidades nos próximos 10, 20, 30 anos. Isso eu tenho provocado muitos gestores para pensar a longo prazo, para poder colocar o município em outro patamar. Hoje eu tive uma frase em que falei que o gestor tem que chegar no final do mandato e ter o sentimento que fez a diferença, que mudou a vida das pessoas através dos serviços públicos, com saúde, educação, obras de infraestrutura e geração de emprego.
JC - Assumiu a presidência da Famurs em maio do ano passado, e deixará o comando da federação em maio deste ano. Qual o balanço deste seu tempo como presidente?
Arruda - Foi um momento difícil, mas de grandes oportunidades para a gente, primeiro, ter união nos municípios e trabalhar em conjunto. Além disso, transformar a tragédia (das cheias de maio de 2024) em uma grande oportunidade de realizar grandes obras de prevenção, porque não teriam vindo todos esses recursos se não tivesse acontecido tudo isso no Rio Grande do Sul. Então a gente tem que aproveitar esta chance que nós estamos tendo de captar todos esses recursos para os municípios e para o Rio Grande do Sul, para estarmos mais resilientes e preparados.