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Publicada em 01 de Janeiro de 2025 às 19:27

Entre vaias e aplausos, vereadores de Porto Alegre foram empossados

Público ocupou galerias e aproveitou espaço para manifestar suas convicções

Público ocupou galerias e aproveitou espaço para manifestar suas convicções

Tânia Meinerz/JC
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Ana Carolina Stobbe
Ana Carolina Stobbe Repórter
O termômetro em frente à Câmara Municipal de Porto Alegre marcava 38º e o céu limpo não anunciava o temporal que se aproximava. Mesmo assim, as galerias do Plenário Otávio Rocha, onde se reúnem os vereadores rotineiramente, estava lotada de um público que deixou de lado o descanso do feriado desta quarta-feira (01) para prestigiar a posse dos 35 parlamentares eleitos para os próximos quatro anos.
O termômetro em frente à Câmara Municipal de Porto Alegre marcava 38º e o céu limpo não anunciava o temporal que se aproximava. Mesmo assim, as galerias do Plenário Otávio Rocha, onde se reúnem os vereadores rotineiramente, estava lotada de um público que deixou de lado o descanso do feriado desta quarta-feira (01) para prestigiar a posse dos 35 parlamentares eleitos para os próximos quatro anos.
O público poderia entrar no Parlamento a partir das 14h para prestigiar a solenidade marcada para a hora seguinte. No entanto, às 13h30min, um considerável grupo já aguardava sob o sol a abertura das portas da “casa do povo”. Formado por militantes e simpatizantes, a plateia aguardava a posse simbólica da primeira bancada LGBT de Porto Alegre.
Nela, os eleitos Giovani Culau (PCdoB), Atena Roveda (PSOL) e Natasha Ferreira (PT) subiriam a rampa de acesso Valneri Antunes, que dá acesso ao segundo andar da Câmara. No local, seria estendida uma bandeira LGBT. Entretanto por problemas não informados, a cerimônia foi adiada para depois da solenidade, quando a intensa chuva frustrou os planos dos parlamentares.
A precipitação começou forte. E foi capaz de alagar as ruas da cidade. Em outros locais, faltou luz, incluindo na Usina do Gasômetro, onde ocorreria um segundo momento da solenidade de posse e que foi cancelado pelo prefeito reeleito Sebastião Melo (MDB). Apesar disso, no plenário não tinha tempo ruim. Enquanto a emoção tomava conta das galerias e dos familiares que acompanhavam os vereadores, nem mesmo o alto volume do som da chuva era perceptível.
A eleição da vereadora Comandante Nádia (PL) como presidente do Legislativo para 2025 foi o momento mais polêmico — seguido pelo hino do Rio Grande do Sul, durante o qual a oposição permaneceu sentada em protesto por considerar parte da letra racista. Eleita com 23 votos favoráveis e 12 abstenções dos oposicionistas, Nádia foi aplaudida por parte do público e vaiada por outros.
Em um outro momento, enquanto os parlamentares do PT, PSOL e PCdoB puxavam cartazes e gritos de “sem anistia”, aqueles ligados aos partidos de direita levantavam os de “Fora, Lula” e criticavam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Os movimentos eram acompanhados e intensificados pelas galerias. A cena refletiu, é claro, o clima que deverá tomar conta do Legislativo em 2025, quando temas polêmicos como a revisão do Plano Diretor e a proposta de concessão do Dmae deverão ser apreciados.
Apesar das divergências, foi na união pelo bem comum que Nádia focou em seu primeiro discurso como presidente da Câmara, embora tenha citado nominalmente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e valorizado pautas alinhadas com o seu partido. Assim, a parlamentar citou uma frase que atribuiu ao conquistador Alexandre, O Grande: “Lembre-se que da conduta de cada um depende o destino de todos”.
“Vamos ao trabalho, porque Porto Alegre tem pressa, exige de nós toda atenção e cuidado, sem a politicagem barata, mas com muita política, trabalho e dedicação”, concluiu, relembrando os desafios da reconstrução da Capital após a enchente ocorrida em maio do ano passado. Tema, aliás, que esteve presente em todos os demais discursos da tribuna, incluindo os do governador em exercício Gabriel Souza (MDB), o do seu antecessor Mauro Pinheiro (PP) e o de Melo. 
Se a união permeava os discursos, na vida real, ela pôde ser percebida em um único momento da cerimônia. Homenageando o Rio Grande do Sul, um músico tocou um conhecido canto nativista. Assim, opositores e aliados bradaram seus versos durante emocionantes minutos.
É assim entre discordâncias e acordos, que os 35 vereadores iniciarão o ano logo: já na próxima semana atuarão em uma sessão extraordinária convocada por Melo para definir sua reforma administrativa. Permanentemente, frequentarão o Parlamento a partir de fevereiro, governando para o povo que os elegeu. 

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