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Publicada em 11 de Dezembro de 2024 às 18:38

Mortos pela ditadura terão informação adicionada à certidão de óbito

Período ditatorial será citado na causa mortis da nova versão do documento

Período ditatorial será citado na causa mortis da nova versão do documento

Maria Em?lia Portella/SMDS PMPA/JC
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Agência Brasil
Os parentes de pessoas mortas pela ditadura militar brasileira poderão solicitar uma nova versão da certidão de óbito nos cartórios de registro civil. A atualização, determinada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) na terça-feira (10), contará com maiores detalhes sobre as circunstâncias do falecimento. 
Os parentes de pessoas mortas pela ditadura militar brasileira poderão solicitar uma nova versão da certidão de óbito nos cartórios de registro civil. A atualização, determinada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) na terça-feira (10), contará com maiores detalhes sobre as circunstâncias do falecimento. 
Assim, a causa mortis passará a ser de "morte não natural, violenta, causada pelo Estado a desaparecido no contexto da perseguição sistemática à população identificada como dissidente política no regime ditatorial instaurado em 1964."

Para o presidente do CNJ e também presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, a medida "é um acerto de contas legítimo com o passado." Segundo Barroso, "um período muito triste" e iniciado com um golpe de Estado.

"As pessoas questionam o termo golpe, mas este é o nome que, em ciência política e na teoria constitucional, se dá à destituição do presidente da República por um mecanismo que não esteja previsto da Constituição", explicou Barroso.

A ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, concorda com Barroso e diz: "esta é mais uma retomada pela dignidade daqueles que tiveram seus direitos negados, aviltados e forçosamente roubados." O reconhecimento da morte causada pelo Estado em época da ditadura foi proposto ao CNJ pela pasta.

Têm direito a pedir uma nova versão da certidão de óbito familiares de 434 pessoas tidas como mortas ou desaparecidas, conforme o relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV). A CNV  foi instituída no governo da presidenta Dilma Roussef e funcionou entre 18 de novembro de 2011 e 16 de dezembro de 2014. A comissão era formada por um colegiado de sete pessoas com a atribuição de investigar violações de direitos humanos ocorridas entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988.

Apesar do reconhecimento das mais de quatro centenas de mortes durante a ditadura cívico-militar, a CNV não avançou na identificação dos assassinatos dos indígenas. Entidades de direitos humanos estimam que podem ter ocorrido mais de 8 mil homicídios nessa população.

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