Porto Alegre,

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 09 de Dezembro de 2024 às 11:50

Saiba como foi o depoimento de Eduardo Leite no processo que pede cassação de Comandante Nádia

Governador foi convocado para prestar esclarecimentos sobre participação da vereadora em evento da Brigada Militar

Governador foi convocado para prestar esclarecimentos sobre participação da vereadora em evento da Brigada Militar

TSE/Reprodução/JC
Compartilhe:
Ana Carolina Stobbe
Ana Carolina Stobbe Repórter
O governador Eduardo Leite (PSDB) prestou depoimento na condição de testemunha à justiça eleitoral gaúcha na manhã desta sexta-feira (06). Sua participação se deu no âmbito do processo movido pelo vereador reeleito Roberto Robaina (PSOL) contra a sua colega da Câmara Municipal de Porto Alegre também reeleita Comandante Nádia (PL) e que pede a sua cassação. 
O governador Eduardo Leite (PSDB) prestou depoimento na condição de testemunha à justiça eleitoral gaúcha na manhã desta sexta-feira (06). Sua participação se deu no âmbito do processo movido pelo vereador reeleito Roberto Robaina (PSOL) contra a sua colega da Câmara Municipal de Porto Alegre também reeleita Comandante Nádia (PL) e que pede a sua cassação. 
A ação acusa a parlamentar de abuso do poder político e discute a participação de Nádia em um evento ocorrido no dia 30 de setembro, a menos de uma semana das eleições, e que marcaria a inauguração do Centro de Operações da Brigada Militar (Copom) e a entrega de tecnologias (tasers e câmeras corporais) à instituição. A presença de candidatos em inaugurações de obras públicas é vedada nos três meses que antecedem o pleito pelo Código Eleitoral
A distinção entre ambos os eventos (inauguração do Copom e entrega dos materiais) foi um dos pontos centrais do depoimento do governador. "Quando nós realizamos eventos públicos no governo do Estado, geralmente nós buscamos conciliar, dadas as diversas ações que o Estado promove, concentrando num único momento o máximo de entregas possível", explicou Leite em resposta a questionamento dirigido pelo advogado da acusação, Rafael Lemes. 
Assim, ele afirmou que o evento em questão tratava de ambas as entregas, de obra pública e de equipamentos à Brigada Militar. "É difícil marcar o que que é uma coisa e outra. O ato que acontece lá é discursos falando sobre aquele momento, a entrega das armas (não letais, conhecidas como tasers) e das câmeras corporais, e, em seguida, o descerramento da placa, que marca a inauguração do Centro de Operações. Mas talvez haverá olhares subjetivos. Mas é tudo dentro de um mesmo ato, de um mesmo momento, me parece", complementou. 
Respondendo a outros questionamentos, Leite alegou que a parlamentar não estava presente no momento de descerramento da placa que marcava a inauguração do Copom e que não se recorda de ter visto ela na saída do local. Ele também confirmou que ela esteve presente entre as autoridades sentadas na primeira fila durante o seu discurso, representando a Câmara Municipal de Porto Alegre, e que foi citada por ele durante o cerimonial. 
Em relação à presença de cabos eleitorais realizando ações de campanha para a parlamentar, ele respondeu ter visto pessoas identificadas como apoiadoras, mas que não se recorda se foi distribuído material de divulgação da candidatura. No entanto, em resposta à advogada de defesa, Ana Paula Machado, Leite disse que a parlamentar, em si, não teria realizado ações de campanha ao longo do evento. 
A audiência ouviu outras quatro testemunhas, arroladas pela defesa e um informante, convocado pela acusação. São eles: a diretora de Planejamento e Políticas da Secretaria Municipal de Segurança, Gabriela Veríssimo, o ex-comandante-geral da Brigada Militar João Carlos Trindade Lopes, o diretor nacional da empresa Axon, responsável pelo fornecimento dos tasers, Arthur Bernardes, o Comandante Geral da Brigada Militar Cláudio dos Santos Feoli e o assessor parlamentar Luciano Martins Pedroso, lotado no gabinete da deputada estadual Luciana Genro (PSOL).
Agora, as partes terão um prazo de dois dias para se manifestarem quanto à audiência. Em seguida, o Ministério Público terá o mesmo período de tempo para apresentar um parecer. Por fim, o juiz eleitoral Roberto Behrensdorf Gomes da Silva tomará uma decisão, o que pode ocorrer ainda neste mês. Independentemente do resultado, tanto a acusação quanto a defesa poderão interpor recursos ao Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE-RS). 

Defesa e acusação divergem quanto à interpretação do depoimento do governador

"O depoimento do governador comprovou aquilo que estamos sustentando desde o início do processo. A vereadora cometeu uma irregularidade grave, que compromete a equidade entre os candidatos. Estava na inauguração como autoridade e dentro de um espaço conhecidamente sua base eleitoral", afirma o vereador Roberto Robaina (PSOL), que considera que o depoimento auxilia a acusação. 
Já o escritório Ana Paula Machado & Martins Advogados, responsável pela defesa, divulgou uma nota em que considera o depoimento do governador positivo para a acusada: "Em nosso entendimento, a audiência de instrução foi positiva, pois tivemos a oportunidade de esclarecer a verdade sobre os fatos. A oitiva do Sr. Governador endossou a legalidade dos atos e da conduta da vereadora Comandante Nádia". 

Notícias relacionadas