Os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz foram condenados em júri popular pelo assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista Anderson Gomes, ocorrido em 14 de março de 2018. Eles também foram considerados culpados por uma tentativa de homicídio contra a assessora da vereadora, Fernanda Chaves, que sobreviveu ao ataque.
A sentença, definida pela juiza Lúcia Glioche nesta quinta-feira (31), foi de 78 anos, 9 meses e 30 dias anos para Lessa e de 59 anos, 8 meses e 10 dias para Queiroz. Ambos também foram condenados a pagar pensão para o filho de Anderson, que ainda é menor de idade, e uma indenização de R$ 706 mil a cada um dos parentes diretos das vítimas.
"Talvez a Justiça fosse Anderson e Marielle presentes", afirmou a magistrada ao considerar que a condenação deverá servir como um exemplo para "outros Ronnies e Élcios". Foi também negado o direito de recorrerem em liberdade, devendo ser mantida a prisão preventiva. As penas poderiam chegar a 84 anos, se consideradas todas as agravantes: motivo torpe, emboscada e recurso que dificultou a defesa da vítima.
O crime ganhou repercussão internacional há seis anos, quando aconteceu, sendo considerado um ataque à democracia. Na ocasião, as vítimas voltavam de um encontro de mulheres negras no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro, quando o carro em que estavam foi alvejado com disparos de armas de fogo. Marielle e Anderson morreram na hora, enquanto Fernanda ficou ferida com estilhaços e precisou exilar-se na Europa com a família para garantir sua segurança.
Lessa e Queiroz foram presos no ano seguinte ao crime, tendo sido denunciados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. Em 2023, confessaram terem participado do crime em uma declaração assinada sobre o caso. Lessa teria sido o autor dos disparos, enquanto Queiroz dirigiu o veículo utilizado no ataque. Os dois também apontaram os supostos mandantes do crime, que serão julgados em um processo que corre concomitantemente no Supremo Tribunal Federal (STF) devido ao foro privilegiado: os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão e o o ex-chefe da Polícia Civil Rivaldo Barbosa.