Salientando diferenças marcantes na disputa pela prefeitura de Porto Alegre em 2024, a deputada federal Maria do Rosário (PT) e o atual prefeito Sebastião Melo (MDB), que busca a reeleição, têm uma coisa em comum: são ambos veteranos das disputas partidárias da Capital gaúcha.
Antes de ser eleito vereador pela primeira vez nas eleições de 2000, com a chancela de 4.946 eleitores, o emedebista havia concorrido ao cargo em outros cinco pleitos: 1982, 1985, 1988, 1992 e 1996, todos pelo mesmo partido, o PMDB. Já Rosário iniciou sua carreira partidária no PCdoB, tendo ingressado no PT em 1994. Embora seu primeiro registro como candidata tenha sido em 1988, o partido não levou adiante a campanha, o que só foi acontecer em 1992, quando Rosário foi eleita com 7.555 votos, sendo a candidata de esquerda mais votada e a quarta entre todos os candidatos.
Os dois concorrentes se encontraram pela primeira vez em eleições em 1988, ano em que foi promulgada pela Assembleia Constituinte, em Brasília, a Constituição vigente até hoje. Era o período inicial da democratização no Brasil, após 21 anos da ditadura civil-militar que governou o país de 1964 a 1985.
Naquele ano, apesar de Melo ter sido o 7º candidato mais votado de seu partido, com 1.532 votos, não foi eleito, tornando-se suplente. O PMDB tinha, então, uma nominata com 93 candidatos, dos quais cinco foram eleitos. Melo havia concorrido sob o número 15686.
Naquele ano, apesar de Melo ter sido o 7º candidato mais votado de seu partido, com 1.532 votos, não foi eleito, tornando-se suplente. O PMDB tinha, então, uma nominata com 93 candidatos, dos quais cinco foram eleitos. Melo havia concorrido sob o número 15686.
No caso de Rosário, embora o PCdoB tenha desistido da candidatura, não formalizou a retirada na Justiça Eleitoral, o que fez com que a candidata ainda tivesse conquistado 37 votos. Ela concorreu com o número 24630, entre outros 12 candidatos registrados na nominata da legenda.
Em 1992 ambos se cruzaram de novo na disputa. Rosário foi eleita, e Melo novamente ficou na suplência, tendo conquistado 2.773 votos. Dessa vez, porém, ambos eram aliados: o PMDB saiu à prefeitura em uma coligação justamente com o PCdoB, tendo os emedebistas Cezar Schirmer e Mendes Ribeiro Filho respectivamente na cabeça de chapa e na vice. Promovidos ao segundo turno, acabaram perdendo para o petista Tarso Genro.
Idenir Cecchim, Raul Carrion, o empresário Hélio Wolfrid e Sebastião Melo em 1985
Sebastião Melo/Arquivo Pessoal/JC
Ao relembrar as eleições passadas, Melo pontua: “eu sou da velha política, da política das ideias”. Segundo ele, era uma época em que “a gente ‘quebrava o pau dentro do partido, noites e finais de semana, em torno de ideias. Hoje prevalece o pragmatismo”, admite. O atual prefeito se filiou ao MDB em 1978, “nos altos do Mercado Público”, quando o ex-senador Pedro Simon, nome histórico da sigla, era deputado estadual. “Foi uma eleição em que já participei firme”. “Depois ele saiu senador e, de lá para cá, tive uma militância social casada com a vida partidária”, relembra.
Maria do Rosário em cerimônia de diplomação como vereadora, em 1992
Maria do Rosário/Arquivo Pessoal/JC
Para Rosário, a campanha de 1992 foi “muito empolgante”. “Acho que foi a partir daquele ano que eu construí um jeito de fazer a minha campanha na rua, em contato direto com os eleitores, na parada do ônibus, na porta dos mercados, nos lugares de moradia. Isso foi o mais importante pra mim”, considera. Ela recorda que seu único folheto de campanha era centrado em verbos que eram importantes para ela, como “abraçar” a causa das crianças e adolescentes e “lutar” pelos direitos das mulheres. “Em geral eu me sinto muito orgulhosa quando olho aquele folheto, porque na minha vida, trilhei aqueles verbos”, resume.