Um novo debate nesta quinta-feira (17) entre Sebastião Melo (MDB) e Maria do Rosário (PT) teve como principal assunto o papel da iniciativa privada e das parcerias entre este segmento e o setor público para ações em Porto Alegre. Enquanto o atual prefeito defendeu as PPPs e privatizações realizadas ao longo de sua gestão e a expansão de projetos deste tipo, a petista criticou as terceirizações dos serviços prestados na educação e na saúde da Capital e a venda da Carris.
O embate transmitido pela TV Pampa tratou dos temas já pautados em debates anteriores e teve um tom menos acalorado se comparado, por exemplo, com o do início desta semana, organizado pela Band. A prevenção contra enchentes, que foi o grande assunto ao longo do primeiro turno, teve menos foco neste momento, e as diferenças entre os dois projetos se deram principalmente na questão da participação ou não do privado. Enquanto Melo defendeu a concessão parcial do Dmae, Rosário apontou para o plano de maiores investimentos públicos no departamento e recriação do DEP.
O candidato à reeleição reconheceu por diversas vezes que Porto Alegre enfrenta problemas nas áreas da saúde e da educação, mas afirmou que vem avançando com sua gestão nestes setores. A petista discordou, citou casos de corrupção envolvendo a Secretaria de Educação da Capital e no Dmae, e disse que, se não fosse pelo dinheiro desviado da Smed, a questão do déficit de mais de 3 mil vagas em creches na cidade poderia estar resolvido.
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Em praticamente todos os debates até agora em que Rosário realizou críticas sobre má utilização de recursos públicos, Melo respondeu atacando o PT. "Quando tem irregularidade eu sou o primeiro a mandar investigar, diferente do seu partido", disse o atual prefeito. Sobre os aliados de cada um dos candidatos, a petista relembrou da parceria de Melo com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), cujo partido indicou a candidata a vice na chapa do emedebista, Betina Worm (PL). Esta polarização vista na política nacional desde 2018, porém, não foi o principal enfoque do debate.
Quanto ao assunto do transporte público, Rosário reiteirou as críticas à privatização da Carris, oficializada em janeiro deste ano. Também realizou comentários negativos sobre a atual situação dos ônibus em Porto Alegre, alegando haver problemas de atrasos, da superlotação dos veículos e do fim da meia-passagem universal para estudantes e o fim da isenção da tarifa para idosos entre 60 e 65 anos. Melo rebate afirmando que o passe não é reajustado há três anos e que estão mantidos os benefícios tarifários para pessoas de baixa renda.
Outro tema que Rosário trouxe com crítcas à atual gestão foi o da assistência social, utilizando do exemplo da tragédia da Pousada Garoa, em abril deste ano, em que um incêndio acarretou na morte de 11 pessoas. A petista questionou Melo sobre a atual situação do vínculo da prefeitura com a empresa que prestava o serviço, e o emedebista criticou sua adversária por trazer temas trágicos como este e as enchentes para o debate. O candidato à reeleição afirmou não haver mais contrato, mas foi rebatido por Rosário, que disse ter sido realizado novo pagamento do Executivo municipal para a Pousada ainda na semana passsada.
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Na saúde e na educação, Melo defendeu as ações que a prefeitura vem realizando de terceirizações e parcerias com a iniciativa privada para a prestação dos serviços. Rosário se posicionou contrária a estas medidas e disse haver pouca fiscalização da gestão municipal quanto aos recursos alocados.