Em um debate na internet promovido pelo Instituto Conhecimento Liberta (ICL) com representantes de diversas correntes de esquerda no país, a ex-deputada federal gaúcha e vereadora de Porto Alegre Manuela D’Ávila admitiu que está sem partido “por falta de opção, por falta de condições de qual caminho seguir”, “depois de 25 anos num único partido”.
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A declaração aconteceu em meio a uma discussão de duas horas, com o tema “o que a esquerda deve fazer para recuperar o espaço perdido?”. O encontro teve a presença da filósofa Márcia Tiburi, o deputado estadual paranaense Renato Freitas (PT), o influenciador digital Jones Manuel, o sociólogo Jessé Souza e o deputado federal fluminense Lindbergh Farias (PT), e foi conduzido pelo empresário Eduardo Moreira.
No programa, Manuela avaliou que “a esquerda brasileira ainda não encerrou a reflexão sobre sua trajetória nas duas últimas décadas e tem uma avaliação superficial sobre governos Lula e Dilma, sobre o golpe parlamentar que tirou Dilma do governo, o governo Temer e a eleição de Bolsonaro e seu governo, e como isso contribuiu para o resultado bastante aquém no processo eleitoral” de 2024.
Nascida em Porto Alegre em 1981, Manuela é formada em jornalismo pela Pucrs. Iniciou sua trajetória política no movimento estudantil, em 1999. Dois anos depois, em 2001, ingressou na política pelo PCdoB. Integrou o Conselho Universitário da Ufrgs, foi coordenadora do Centro de Estudantes de Ciências Sociais, diretora nacional da União da Juventude Socialista (UJS), em 2002, além de vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), em 2003, e presidente estadual da entidade, em 2005.
Em 2004, foi eleita a mais jovem vereadora de Porto Alegre. Em 2006, elegeu-se como a deputada federal mais votada do Estado. Em 2008, foi candidata à prefeitura de Porto Alegre, sua terra natal. Em 2010, foi a deputada federal mais votada da história do Rio Grande do Sul, com 482.590 votos. Em 2012, concorreu à prefeitura de Porto Alegre e ficou em segundo lugar. Nas eleições de 2014, concorreu à Assembleia Legislativa e foi a candidata no Estado com mais votos.
Nas eleições presidenciais de 2018, Manuela ocupou a vice na candidatura de Fernando Haddad (PT) à presidência da República. A chapa foi derrotada por Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno, que obteve 55,1% dos votos válidos.
Em 2020, Manuela ficou em segundo lugar no primeiro turno das eleições, com 29,01% dos votos válidos contra 31,02% de Sebastião Melo (MDB). No segundo turno, a candidata foi derrotada pelo emedebista por uma diferença de 9,26 pontos percentuais.
Manuela não concorreu a nenhum cargo eletivo em 2022 e, nestas eleições municipais, coordena um “conselho político suprapartidário” com representantes de setores da sociedade civil, que auxiliou na construção do programa de governo da deputada federal gaúcha Maria do Rosário (PT) para a prefeitura de Porto Alegre.