Porto Alegre,

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 04 de Outubro de 2024 às 11:27

Debate sucinto e ataques a prefeito marcam último encontro entre candidatos

Último debate do primeiro turno, na RBSTV, reuniu Maria do Rosário (PT), Juliana Brizola (PDT) e Sebastião Melo (MDB)

Último debate do primeiro turno, na RBSTV, reuniu Maria do Rosário (PT), Juliana Brizola (PDT) e Sebastião Melo (MDB)

RBSTV/Reprodução/JC
Compartilhe:
Lívia Araújo
Lívia Araújo Repórter
O último debate da campanha para o primeiro turno nas eleições de Porto Alegre, veiculado na noite desta quinta-feira na RBSTV foi sucinto, mas intenso. Em um programa de pouco mais de 1h30min, o prefeito Sebastião Melo (MDB), que busca a reeleição, ficou em desvantagem numérica sem a presença, até então habitual nos debates, de Felipe Camozzato (Novo), e foi alvo de diversas e constantes críticas de duas adversárias do mesmo campo ideológico e com programas semelhantes: Maria do Rosário (PT) e Juliana Brizola (PDT).
O último debate da campanha para o primeiro turno nas eleições de Porto Alegre, veiculado na noite desta quinta-feira na RBSTV foi sucinto, mas intenso. Em um programa de pouco mais de 1h30min, o prefeito Sebastião Melo (MDB), que busca a reeleição, ficou em desvantagem numérica sem a presença, até então habitual nos debates, de Felipe Camozzato (Novo), e foi alvo de diversas e constantes críticas de duas adversárias do mesmo campo ideológico e com programas semelhantes: Maria do Rosário (PT) e Juliana Brizola (PDT).
O programa foi dividido em quatro blocos: o primeiro e o terceiro com tema livre, escolhidos pelos próprios candidatos em suas interações, e o segundo e o quarto, devotado a temas definidos em sorteio pelo mediador, além das considerações finais de cada oponente.
Na prática, os temas levantados pelos três candidatos se centraram na questão da enchente, abordada por três vezes; saúde, assunto perguntado duas vezes e habitação. Foi só a partir do sorteio que outros temas pertinentes à administração municipal foram abordados. Além de saúde, habitação e prevenção contra desastres climáticos, entraram em discussão transporte público, emprego e renda, e educação.
Logo no início da primeira fala de Melo, respondendo a Juliana sobre filas para consultas e exames na Saúde, o atual prefeito acusou militantes que apoiam Rosário de atacá-lo na entrada da emissora, segundo ele, de “forma agressiva”.

Melo defendeu iniciativas da atual gestão

Mais do que falar das propostas para a continuidade da gestão, em que Melo afirmou querer “fazer mais e melhor” ao lado da vice, Betina Worm (PL), o emedebista centrou-se em mostrar que sua administração ajudou a lidar com os problemas da Capital, enquanto pontuava, em sua visão, que as outras esferas de governo, estadual e federal, deixaram a desejar e contribuíram para o agravamento das dificuldades, como, por exemplo, quando acusou o programa Assistir, do governo do Estado, de “quebrar os hospitais da Região Metropolitana”, o que teria aumentado o fluxo de pacientes na rede municipal.
“Reconheço a fila (na saúde), mas no ano passado fizemos 64 mil cirurgias e vamos continuar a resolver isso”, defendeu-se. “As filas não vão acabar em seis meses, isso não é verdade”, rebateu Melo diante da promessa de Juliana de zerar a espera por atendimento. Respondendo a Rosário em outro momento, Melo afirmou que “eu cobro, não transfiro responsabilidades” e afirmou que a petista “reza para chover, para poder ganhar votos”. E acusou as duas adversárias de se unirem nos ataques: “as duas estão casadinhas, querem bater no prefeito”.
Melo voltou a defender uma visão economicamente liberal na gestão municipal, prometendo “parceirizações” na manutenção de escolas, na saúde, no saneamento e defendendo a privatização da Carris; disse também que se antecipou a ações federais na questão da habitação e de obras para diques e casas de bomba e que futuramente cobrará o governo federal por estes recursos.

Rosário quer volta do DEP

Maria do Rosário também foi alvo durante o programa. Melo a escolheu para debater na maior parte das oportunidades, em que foi acusada de representar uma visão de “estado inchado e aumento de impostos”, de não ter atuado pela população durante a enchente, além de questionada sobre a efetividade sua atuação como vereadora da Capital e deputada federal “Seja mais respeitoso. Ninguém torce para chover. Eu chamei, junto com o senhor, a defesa civil nacional, e ajudei quando o senhor não conseguia falar com a CEEE”, rebateu Rosário.
Tal como a adversária Juliana, Rosário acusou o prefeito de, além de “transferir responsabilidades para o governo federal e até para os moradores”, não fazer o trabalho básico da prefeitura na drenagem urbana, com a limpeza de galerias, além da coleta de lixo. “Nem 20% dos bueiros e bocas de lobo foram recuperados, e mais da metade dos bairros atingidos sofreram agora com novas chuvas”, acusou, novamente prometendo a recriação do Departamento de Águas Pluviais (DEP), órgão extinto no governo de Nelson Marchezan Júnior e voltado a essa área.
Rosário disse que foi como vereadora que auxiliou a gestão de João Verle (PT) a obter e deixar recursos para o conduto forçado Álvaro Chaves, obra de drenagem concluída no governo de José Fogaça (MDB). “O governo anterior e o seu não fizeram nada, e não ouviu técnicos do Dmae”, disse. Nas propostas, Rosário prometeu programa específico para a região das ilhas, o aluguel de casas em regiões com necessidades de creches e ações para o empreendedorismo na Capital.

Juliana se coloca como única capaz de vencer Melo

Juliana, baseada em pesquisas que ora lhe dão boa margem sobre Melo em simulações de segundo turno, ora lhe colocam em empate técnico com Rosário na eleição de domingo (6), pontuou em quase todas as oportunidades de exposição que é “a única candidatura que vencerá Melo” e que “nenhum dos dois têm razão” ao defender suas respectivas visões de “Estado máximo e Estado mínimo”. “Dá para construir um caminho do meio”, defendeu, além de se queixar de ser “isolada” por Melo e Rosário em prol da polarização.
Ainda assim, ela se uniu a Rosário em diversas vezes, interagindo diretamente com a petista sobretudo no tema da enchente, em que criticou duramente o atual prefeito. “Na última quinta-feira (26), os bueiros jorravam água. Isso é falta de trabalho da prefeitura”, enfatizou. Um dos principais pontos trazidos por Juliana aos debates é, em suas palavras, “o prefeito ter deixado a população sem saber o que fazia”. “É importante a transparência. Vou estruturar um sistema de monitoramente e alerta, e temos uma proposta bem clara de reformar o sistema (de contenção de cheias) da cidade. Mas tem de ter uma manutenção contínua. A prefeitura não faz nem o que é básico”, falou.
Na parte das propostas, a pedetista afirmou que a intenção de zerar filas na Saúde terá recursos de R$ 1 bilhão do programa “pró-hospitais” projeto de sua autoria na Assembleia Legislativa. No transporte público, prometeu priorizar o atendimento de ônibus principalmente nos extremos da cidade e a ampliação de horários para aumentar a segurança principalmente às mulheres, que sofrem com assédio em paradas e coletivos lotados.
Além deste último debate na RBSTV, ao longo da campanha, foram realizados ao todo outros cinco debates em rádio e televisão: na Rádio Gaúcha, em 6 de agosto e 25 de setembro; na TV Bandeirantes, em 8 de agosto; na Rádio Guaíba, em 25 de setembro, e na TV Pampa, em 26 de setembro.
Além disso, houve diversos encontros entre os candidatos em entidades de classe da Capital, como na ACPA, e sabatinas individuais.

Notícias relacionadas