Os últimos dias da campanha para o 1º turno das eleições municipais, período marcado pela consolidação das intenções do eleitor em votos efetivos, também guiam as últimas cartadas das candidaturas para ter peso nas escolhas da população.
Cientistas políticos ouvidos pelo Jornal do Comércio analisam os possíveis cenários a se confirmar, tanto com base na postura dos candidatos ao paço, quanto nos números mais recentes das pesquisas de intenção de voto.
Segundo Paulo Sérgio Peres, vinculado à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), as sondagens dos institutos de pesquisa vêm apontando cenários “completamente diferentes”. “A Futura aponta que a eleição poderá ser tranquilamente decidida no primeiro turno (com 52,9% das intenções para o atual prefeito em 25 de setembro); Real Time Big Data aponta Sebastião Melo (MDB) próximo de vencer. E a Atlas Intel aposta que certamente termos um segundo turno. Esse é um desencontro que já foi destaque na eleição passada”, salienta Peres, que também pontua que as tendências não “bateram” com o resultado nas urnas em 2022.
A pesquisa da Atlas, divulgada na segunda-feira (30), também faz simulações de segundo turno entre Melo e Juliana Brizola (PDT), mostrando que a chance de a pedetista vencer o atual prefeito é maior que a de Maria do Rosário (PT). Nela, a neta de Leonel Brizola tem 54% das intenções de voto, contra 41% para Melo; na simulação com Rosário, o cenário é de Sebastião Melo com 46% e Rosário, 45%.
A partir desses números, as manifestações públicas dos principais candidatos foram mudando em relação à postura deles em debates e no horário eleitoral. Na Rádio Guaíba, na quarta-feira passada (25), Juliana, que vinha se colocando como uma 3ª via não polarizadora e disposta ao diálogo com todos os representantes do espectro ideológico, começou a atacar Rosário, ao dizer que ela não tem suficiente capacidade de articulação junto ao próprio governo federal, citando uma lei de autoria da deputada, que foi aprovada mas não foi sancionada pelo presidente Lula (PT).
No domingo do último fim de semana da campanha, tanto Juliana quanto Rosário mobilizaram a militância no parque da Redenção, reduto tradicional da esquerda porto-alegrense. Juliana disse claramente: “As pesquisas já mostram que estamos no segundo turno e somos a única candidatura que vence a atual gestão”, e a militância pedetista cantava palavras de ordem que falavam que “eu vim pra rua pra virar essa eleição". Os apoiadores de Rosário também cantavam por uma “virada” contra Melo.
Rodrigo Stumpf González, também da Ciência Política da Ufrgs, crê que Juliana pode ter chances de chegar ao segundo turno. “Ela tinha uma exposição muito menor que a de Maria do Rosário, mas aparentemente ela teve sucesso no sentido de criar uma candidatura meio ‘Germano Rigotto’, que vem como quem não quer nada e acaba conseguindo. Bem ou mal, o nome Brizola ainda é importante no RS”, analisa. Ainda assim, alerta González, “as pesquisas têm um grau de erro razoável”.
O analista avalia que a diminuição da diferença numérica entre Juliana e Rosário se deva a um “abrandamento” da imagem da petista, “tentando puxar um eleitor mais ao centro. Mas esse espaço foi ocupado por Juliana, que fez uma aliança que, de alguma forma, garante a ela uma proximidade maior com esse eleitor, e acaba dividindo espaço com Rosário”.
É possível que esse crescimento também tenha contribuído para uma mudança na postura de Felipe Camozzato (Novo), que nos debates vinha minimizando críticas a Melo e criticava Rosário pela via ideológica e do antipetismo.
Nos encontros mais recentes, o deputado estadual passou a atacar Juliana com mais frequência e intensidade, insinuando falta de consistência e adesão a agendas liberais como a das privatizações, bandeira tanto do Novo quanto da gestão de Melo, e tentando mostrar que Juliana seria "mais do mesmo", pois concorreu como vice de Melo em 2016, e que José Fortunati (PV), hoje aliado de Rosário, governou justo pelo PDT, com Melo de vice. Camozzato exerce sua 3ª legislatura como parlamentar, mas ainda não exerceu cargo majoritário, apresentando-se ao eleitorado justamente pelo viés do ineditismo.
Camozzato, porém, não conseguirá exercer esse papel no último debate, na RBSTV, pois não foi convidado para o evento, marcado para esta quinta-feira (3). Assim, Melo ficará sozinho diante de duas candidatas de oposição, que poderão utilizar os alagamentos decorrentes das chuvas da última semana para atacar o emedebista, ou poderão focar no ataque mútuo para ocupar o 2º lugar. O professor não acredita que Melo seja derrotado e tampouco que a pedetista irá à segunda etapa.
Segundo Peres, atacar Rosário é uma estratégia equivocada. “Ela (Juliana) está entrando no efeito Ciro Gomes. Na eleição anterior, ele tentava argumentar o tempo todo que era o único que podia bater Bolsonaro no segundo turno, o que não foi verdade. Se ela começa a bater no candidato dos petistas, que é a Rosário, eles não vão fazer isso (votar nela)”.
Para o cientista político, “Juliana é alguém com grandes chances de vencer no 2º turno, mas com pouquíssimas chances de conseguir chegar lá. E isso se inverte no caso do PT e de Rosário. É o partido que tem grande chance de ir ao 2º turno e pouca chance de vencer a eleição”.
O analista avalia que a diminuição da diferença numérica entre Juliana e Rosário se deva a um “abrandamento” da imagem da petista, “tentando puxar um eleitor mais ao centro. Mas esse espaço foi ocupado por Juliana, que fez uma aliança que, de alguma forma, garante a ela uma proximidade maior com esse eleitor, e acaba dividindo espaço com Rosário”.
É possível que esse crescimento também tenha contribuído para uma mudança na postura de Felipe Camozzato (Novo), que nos debates vinha minimizando críticas a Melo e criticava Rosário pela via ideológica e do antipetismo.
Nos encontros mais recentes, o deputado estadual passou a atacar Juliana com mais frequência e intensidade, insinuando falta de consistência e adesão a agendas liberais como a das privatizações, bandeira tanto do Novo quanto da gestão de Melo, e tentando mostrar que Juliana seria "mais do mesmo", pois concorreu como vice de Melo em 2016, e que José Fortunati (PV), hoje aliado de Rosário, governou justo pelo PDT, com Melo de vice. Camozzato exerce sua 3ª legislatura como parlamentar, mas ainda não exerceu cargo majoritário, apresentando-se ao eleitorado justamente pelo viés do ineditismo.
Camozzato, porém, não conseguirá exercer esse papel no último debate, na RBSTV, pois não foi convidado para o evento, marcado para esta quinta-feira (3). Assim, Melo ficará sozinho diante de duas candidatas de oposição, que poderão utilizar os alagamentos decorrentes das chuvas da última semana para atacar o emedebista, ou poderão focar no ataque mútuo para ocupar o 2º lugar. O professor não acredita que Melo seja derrotado e tampouco que a pedetista irá à segunda etapa.
Segundo Peres, atacar Rosário é uma estratégia equivocada. “Ela (Juliana) está entrando no efeito Ciro Gomes. Na eleição anterior, ele tentava argumentar o tempo todo que era o único que podia bater Bolsonaro no segundo turno, o que não foi verdade. Se ela começa a bater no candidato dos petistas, que é a Rosário, eles não vão fazer isso (votar nela)”.
Para o cientista político, “Juliana é alguém com grandes chances de vencer no 2º turno, mas com pouquíssimas chances de conseguir chegar lá. E isso se inverte no caso do PT e de Rosário. É o partido que tem grande chance de ir ao 2º turno e pouca chance de vencer a eleição”.