Já próximo à reta final da campanha do primeiro turno das eleições à prefeitura de Porto Alegre, a quarta-feira (25) preencheu a agenda dos quatro principais candidatos do pleito com dois debates transmitidos pelo rádio, na rádio Gaúcha, com início às 8h10min, e na Guaíba, realizado no teatro da Amrigs, na Capital, das 13h10min até quase 16h.
O Jornal do Comércio acompanhou no local o debate vespertino, que trouxe interações entre Felipe Camozzato (Novo), Juliana Brizola (PDT), Sebastião Melo (MDB) e Maria do Rosário (PT), foi marcado pelo tom de ironia nas perguntas e respostas proferidas pelos concorrentes durante os seis blocos do programa. Além do momento de apresentação, considerações finais e da pergunta sobre atendimento de urgência em saúde feita pela Amrigs, em três blocos os candidatos fizeram perguntas entre si sobre temas livres. Em outro bloco, o tema foi sobre a enchente, com interações entre os debatedores.
No primeiro bloco, a livre escolha fez com que os próprios candidatos evitassem o confronto direto entre os principais adversários da disputa eleitoral. Camozzato interagiu somente com Melo, enquanto Juliana só falou com Maria do Rosário. Isso não se repetiu nos demais blocos, o que permitiu uma discussão mais acirrada entre os candidatos à prefeitura.
Camozzato, em comparação a outros debates, foi mais crítico a Juliana do que em outras ocasiões em que dirigia a maior parte dos ataques a Maria, mas também não poupou nem a petista e nem Melo, que normalmente é poupado pelo deputado estadual. Afirmou que o ex-prefeito José Fortunati, que hoje apoia Maria, foi prefeito do PDT de Juliana Brizola e teve justamente Melo como vice, tentando provar o ponto de que os adversários são “mais do mesmo”. Em relação às propostas, o candidato do Novo defendeu a concessão do Dmae e outras privatizações, propôs a realização de uma prova municipal para a avaliação da qualidade da educação da rede pública, subsídio ao transporte público baseado em pesquisas de satisfação com usuários e telemedicina para diminuir filas de consultas e exames na Saúde.
Juliana seguiu a linha de representar uma alternativa à “polarização” representada por Melo e Maria, e evitou polemizar sobre a questão das privatizações, afirmando que o que interessa à população é ter um bom serviço público, com preço justo no caso da tarifa do transporte coletivo. A pedetista novamente acusou Melo de má gestão à frente da prefeitura, mas também acusou Maria de não ter uma articulação satisfatória com o governo federal, além de insinuar que Camozzato é inexperiente. Entre as propostas, a pedetista defendeu o uso de telemedicina, com a consulta a especialistas externos durante o encontro com o paciente, a realização de um mutirão para pôr fim às filas por consultas e exames em seis meses e a melhoria dos índices de educação com a aplicação do período integral nas escolas.
Com uma postura menos defensiva em relação a sua gestão durante a enchente na Capital, Melo acusou Maria de “estar torcendo para chover muito” e que a petista escolhe “sempre ver o lado ruim”. Também disse que Juliana Brizola é “um PT genérico” ao ser criticado sobre o tema. Camozzato, ao contrário, foi elogiado por ter sido um dos autores da Lei da Liberdade Econômica que, segundo o emedebista, “trouxe muita coisa boa para a cidade”. Além de apontar as obras de reconstrução que a prefeitura já está realizando na cidade, o emedebista prometeu que, se reeleito, enviará à Câmara Municipal para votação o projeto de concessão do Dmae e a revisão do Plano Diretor e, na Saúde, disse que transformará em policlínicas os atuais centros de referência em saúde, além de uma parceria-público-privada na educação para a manutenção das escolas municipais.
Mais na defensiva neste que em outros debates, Maria do Rosário afirmou que sua articulação com o governo federal trouxe ganhos para a cidade e defendeu sua posição contra privatizações ao rebater Felipe Camozzato, defendendo a não-concessão do Dmae e a recriação do Departamento de Esgotos Pluviais (DEP). Ela acusou o atual prefeito de negligência durante a enchente e disse “rezar para que Melo faça seu trabalho”, e não teceu críticas a Juliana Brizola. A petista propôs a atração de investimentos para a Capital com o fortalecimento de uma indústria de insumos para a área de saúde, a criação de policlínicas, e o aluguel de casas para servir de apoio à rede municipal de creches em diferentes regiões da cidade.
O programa teve dois pedidos de resposta, de Sebastião Melo e Juliana Brizola, negados pela equipe jurídica da emissora por terem entendido não haver ofensa pessoal que justificasse o espaço.