Um dos partidos mais recentes do Brasil, a Unidade Popular (UP) foi fundada em 2016. Nas eleições municipais deste ano, é uma das siglas estreantes na disputa à prefeitura de Porto Alegre. O escolhido para representar a legenda na busca pelo comando do Paço Municipal foi o militante Luciano Schafer, conhecido como Luciano do MLB. Nesta entrevista ao Jornal do Comércio, ele avalia sua candidatura, reflete sobre as enchentes que atingiram o município e diz querer ser conhecido por garantir moradia digna para os habitantes da periferia.
Jornal do Comércio — Essa é a primeira vez que a UP concorre à prefeitura. O que essa candidatura significa?
Luciano Schafer — A nossa perspectiva é a de crescer as nossas fileiras, divulgar a Unidade Popular, o nosso programa e dizer que existe um partido que não tem compromisso com os ricos. A gente quer aumentar o nosso número de filiados e de núcleos. Também chamar o povo para lutar pelos seus direitos, porque é com organização, com luta, que a gente vai mudar a nossa situação. A eleição é parte do processo, é parte da nossa luta.
JC — Por que gostaria de ser prefeito de Porto Alegre?
Schafer — Eu sou do bairro Sarandi, sofri e sofro com a questão das enchentes há bastante tempo. Passo por esse problema duas a três vezes por ano. Sempre fui usuário do sistema público de saúde, de educação, de transporte e sei o que o povo de Porto Alegre passa nesses locais. Hoje, a gente tem um prefeito que não administra para o povo, e, sim, é uma marionete dos ricos da nossa cidade. Acho que um prefeito com o meu perfil, que sabe o que o povo passa, que mora na periferia e que é pobre vai garantir uma melhora circunstancial na vida do nosso povo.
JC — Justamente sobre a questão das enchentes, como avalia esse problema em Porto Alegre? O que acredita que deveria ser feito prioritariamente?
Schafer — Acho que o principal problema foi a negligência do governo Sebastião Melo (MDB) e dos anteriores. Porque o Dep (Departamento de Esgotos Pluviais) que surgiu lá na década de 1970 foi sendo sucateado ao longo de todas essas décadas até a sua extinção. E ele deixou de cumprir esse papel de revisar esse sistema de proteção e ampliá-lo. Mas, por exemplo, lá no Sarandi os problemas com as bombas já acontecem na frequência que falei, e nos outros bairros também. A recriação do Dep é uma das questões fundamentais para enfrentar as enchentes e fazer os devidos reparos nos diques, nas casas de bombas e inclusive nas bocas de lobo pela cidade. E o Dmae (Departamento Municipal de Águas e Esgoto) mantém o foco na distribuição de água e no saneamento básico. Ter esses dois departamentos separados para tratar dessas questões é fundamental. E, claro, buscar financiamentos, como o novo PAC anunciado pelo governo federal.
JC — E, caso eleito, que marca gostaria de deixar em Porto Alegre?
Schafer — O carro chefe da candidatura é a questão da moradia. Porque a moradia, além de garantir um teto digno, é capaz de envolver outras questões, como saúde, educação, transporte e saneamento básico. Tudo isso é qualidade de vida. Ao final dos quatro anos (de mandato), quero ter garantido moradia digna e justa para toda a periferia da cidade. Isso vai diminuir também os alugueis da classe média. O mercado imobiliário faz com que falte moradia para aumentar o valor do aluguel. Cuidar dos bairros pobres, garantir estrutura e urbanização. Quero que essa seja a nossa marca.