As chuvas extremas que atingiram o Rio Grande do Sul em maio e provocaram inundações que superaram os níveis históricos de 1941 em Porto Alegre derivam dos efeitos que a mudança climática vem promovendo em todas as partes do mundo, com o agravamento de precipitações e períodos de seca. Ainda que os planos de governo de quase todos os candidatos na disputa pela prefeitura de Porto Alegre tratem de ações para reconstrução da cidade e prevenção contra novos eventos relacionados, a gestão ambiental, para além da mitigação de desastres, é uma área que pode gerar um efeito a longo prazo para a qualidade de vida dos porto-alegrenses.
A maior parte dos documentos disponibilizados pelos candidatos ao Poder Executivo à Justiça Eleitoral possui seções exclusivas para falar de meio ambiente, algumas também endereçando explicitamente as questões da mudança e emergência climática.
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Das 15 páginas totais do plano de governo de Carlos Alan (PRTB), duas são dedicadas à seção “Agricultura e Meio Ambiente”, que combina propostas relacionadas a zeladoria, agricultura e proteção animal à área ambiental. Entre elas, investimentos “modernização tecnológica para atender demandas relacionadas às ações ambientais” e a promoção de “caminhadas ecológicas com intuito educacional”, além de políticas para a gestão de resíduos urbanos.
Fabiana Sanguiné (PSTU) tem um plano de governo com 55 páginas, das quais seis são dedicadas exclusivamente à área, intitulada “Para defender o meio ambiente e a vida; Não à anarquia do mercado; Sim à transição energética emergencial para energias renováveis”. Além contextualizar o tema com considerações sobre o contexto nacional, defendendo que a Petrobras invista mais recursos em transição energética, o documento traz 14 propostas, entre as quais a “recuperação das matas ciliares na Orla do Guaíba”, “retomar a Rede de Monitoramento da Qualidade do Ar”, em integração com a Fepam e “proteger os trabalhadores da Prefeitura dos efeitos climáticos garantindo roupas e transporte necessários, como, por exemplo, perante o calor extremo”.
Felipe Camozzato (Novo) entregou à Justiça Eleitoral um plano de 37 páginas, que não trata de meio-ambiente em uma seção específica do documento. Ainda assim, o candidato propõe o aprimoramento da logística reversa no município, “promovendo uma gestão de resíduos mais inovadora e ambientalmente sustentável”, também sugerindo “reestruturar a relação da cidade com os resíduos sólidos, tratando-os como oportunidade econômica” e propondo a otimização da poda de árvores na Capital.
A ex-deputada estadual e vereadora Juliana Brizola (PDT) dedica pouco mais de duas páginas das 55 de seu plano de governo ao tema, endereçando a questão ambiental em diferentes seções. O documento traz um eixo denominado “Mudanças climáticas / Infraestrutura”, que combina ações de prevenção a desastres a políticas ambientais. Nele, a pedetista sugere a criação de um “Plano Diretor de Drenagem Urbana Sustentável” em que propõe “criar um programa de incentivos para a adoção de telhados verdes e cisternas em edificações públicas e privadas”. Em outra seção, chamada de “Estratégia Metropolitana de Mudança Climática”, Juliana prega a “adoção de soluções baseadas na natureza para gestão de águas pluviais e redução de ilhas de calor”. Ela também dedica uma seção específicas com propostas para a gestão de resíduos.
Luciano Schafer (UP) trata da questão do meio ambiente em quatro das 30 páginas de seu plano de governo, com 17 propostas relacionadas. Entre elas, “recuperação das áreas de banhado, e preservação da mata ciliar e plantio de vegetação apropriada para absorver a água de alagamentos”, “Criação de áreas verdes com árvores de espécies nativas” nos bairros periféricos e “produção de alimentos que não afete negativamente o ambiente no entorno, com incentivo à agricultura orgânica”.
A deputada federal Maria do Rosário (PT) apresenta oito propostas dentro da seção “Uma cidade com qualidade socioambiental”, que ocupa duas das 58 páginas de seu plano de governo. Entre elas, a retomada do Viveiro Municipal com a implantação de um banco de sementes de espécies vegetais, a criação de usinas de compostagem, além de “parques Lineares na Orla do Guaíba e nas microbacias de Porto Alegre”. A petista também apresenta uma “política municipal de transição energética”, com a “geração própria de energia elétrica, especialmente através dos painéis fotovoltaicos” e a “substituição total da iluminação pública para lâmpadas LED”.
O prefeito Sebastião Melo (MDB) que busca a reeleição, aborda a questão ambiental em pouco mais de duas páginas dentre as 27 páginas de seu plano de governo, com propostas divididas em duas seções: “reconstrução e adaptação climática”, e “urbanismo, meio ambiente e sustentabilidade”. Na primeira, junto com ações relacionadas especificamente à enchente de maio, Melo promete “concluir o Plano de Ação Climática” e “constituir o plano emergencial e o plano urbanístico ambiental da região das Ilhas”; na segunda, “criar novas áreas para a implementação de Terrários Urbanos”, além da criação de “Parque Linear ao longo da Avenida Ipiranga”, além “ampliar a produção de mudas de árvores” e “implementar pontos de monitoramento da qualidade do ar”.
O único candidato que não trata do tema nem com seções específicas, nem com propostas relacionadas é César Pontes (PCO), que traz um plano de governo com seis páginas.