Seis dos oito candidatos à prefeitura de Porto Alegre estiveram na Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA) nesta terça-feira (3), para um almoço em que receberam a agenda conjunta de cinco entidades do setor de comércio e serviços da Capital.
O documento, nomeado “O comércio de bens e serviços em pauta”, traz proposições para os setores de segurança pública, infraestrutura e mobilidade, incentivos fiscais e desburocratização, promoção do comércio de bens e serviços e do turismo local, e responsabilidade sócio-ambiental.
Todos os candidatos em disputa foram convidados. Compareceram Carlos Alan (PRTB), Fabiana Sanguiné (PSTU), Felipe Camozzato (Novo), Juliana Brizola (PDT), Maria do Rosário (PT) e o prefeito Sebastião Melo (MDB). Chamados em ordem alfabética, cada um teve uma fala de sete minutos para apresentar suas propostas para a cidade.
Alan, que se coloca como “o candidato de Pablo Marçal em Porto Alegre”, usava, a exemplo do candidato do PRTB à prefeitura de São Paulo, um boné com a inicial de seu nome em destaque. Ele não apresentou propostas específicas, mas pregou que a cidade precisa de gestores e não de políticos, e conclamou que “a direita deve se unir” para levar a Capital gaúcha a um lugar de protagonismo, junto com a população. Ele também elogiou Melo, dizendo que “a atual administração vem enfrentando grandes desafios”.
Em seguida, Fabiana Sanguiné, que também não especificou propostas de governo, usou seus sete minutos para salientar que a agenda do PSTU busca atender “às demandas dos pobres, pequenos comerciantes e agricultores”. Em seguida, teceu diversas críticas a Melo, a quem acusou de negar o rompimento do dique do Sarandi e a não dar prioridade às populações em vulnerabilidade social nas ações de reconstrução pós-enchente. Também criticou setores da economia gaúcha, como o agronegócio, a quem acusou de utilizar “um modelo irracional de necessidade de lucro e a utilização irrefreada de recursos naturais”, defendendo uma “sociedade socialista”.
Felipe Camozzato seguiu a fala de Sanguiné dizendo que “respeito a ideologia da candidata, mas o Muro de Berlim já caiu”, provocando risadas no público presente. O candidato do Novo reagiu à fala da predecessora, dizendo que os setores representados pelas entidades empresariais “é que pagam as contas da prefeitura e políticas de saúde e educação”. Em sua fala, disse que o sistema de contenção de cheias fracassou e disse que “é necessário coragem para reconhecer isso”, usando também temas ideológicos ao “condenar a ditadura da Venezuela e pedir o impeachment de Alexandre de Moraes”, ministro da Suprema Corte que bloqueou o acesso à rede social X. Foi aplaudido pela citação. Terminou, pontuando que “queremos um futuro com gente técnica nas posições de decisão”.
Juliana Brizola se dirigiu aos presentes assegurando que as propostas apresentadas pelas entidades estão todas no plano de governo da candidata. Acrescentou, porém, que “o motor do desenvolvimento é a educação”, salientando que foram nomes como Getúlio Vargas e seu avô, Leonel Brizola, que contribuíram para mudar o status do Rio Grande do Sul de um perfil unicamente agrário com políticas de desenvolvimento, impulsionadas pela qualificação educacional dos gaúchos. “É um investimento de longo prazo mas traz uma mudança estrutural”, defendeu. Ela também se colocou a favor do diálogo com representantes de diferentes matizes, para “trazer desenvolvimento econômico para todos” e indiretamente criticou o atual prefeito ao dizer que “há dinheiro (na prefeitura), mas falta uma melhor gestão”.
Maria do Rosário elogiou as entidades, agradecendo pelas ações de solidariedade realizadas no contexto da enchente e elogiando a “altivez” do povo gaúcho. A petista disse que as políticas de fomento à atividade econômica na Capital devem levar em conta “o momento que o Brasil vive”, citando indicadores e expectativas de melhora da economia brasileira. A deputada federal também disse que “um consórcio metropolitano é fundamental, mas a posição de Porto Alegre não pode ser deixada em segundo plano”. “Não podemos perder recursos por falta de projeto. Há méritos na atual gestão, mas é preciso fazer o básico que não foi feito até agora, como a manutenção básica do sistema (de contenção de cheias)”, declarou, criticando a gestão Melo e prometendo ações como concursos para a Guarda Municipal.
Sebastião Melo fechou a participação dos candidatos no evento, admitindo que “não foi tudo feito. Se tivesse feito tudo, não precisaria ser candidato à reeleição”. Ele também criticou sua principal adversária no pleito, Maria do Rosário, dizendo que “tem gente aqui que quer aumentar imposto. A Maria teria de criar um banco estatal municipal”. Afirmou que baixou impostos, agilizou a concessão de licenças a empreendimentos e implementou ações de segurança pública como a troca de lâmpadas em postes e a contratação de guardas municipais que estão “no Parcão e na Redenção”. Também reiterou críticas ao governo federal por não injetar recursos para subsidiar a passagem de ônibus, e atribuindo à União a responsabilidade pelo sistema contra cheias. “Governaram Porto Alegre por 16 anos, e o que fizeram? Agora o culpado é o Melo”, queixou-se, criticando as gestões petistas.
Melo foi o candidato mais aplaudido pela audiência, composta principalmente pelos associados às entidades que lançaram o documento: ACPA, Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) Porto Alegre, Sindicato de Hotéis de Porto Alegre (SHPOA), Sindha e Sindilojas RS.