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Publicada em 12 de Agosto de 2024 às 13:33

Sentido do debate político está ‘esvaziado’, analisam pesquisadores

Candidatos à prefeitura de Porto Alegre (em 1º plano) recebem orientações antes do 1º debate das eleições

Candidatos à prefeitura de Porto Alegre (em 1º plano) recebem orientações antes do 1º debate das eleições

TÂNIA MEINERZ/JC
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Lívia Araújo
Lívia Araújo Repórter
A limitação do número de candidatos nos debates na TV e no rádio, possibilitada pela cláusula de barreira não melhora a efetividade desses programas para a compreensão das propostas para a cidade. É o que avaliam dois cientistas políticos com base nos dois primeiros debates veiculados em Porto Alegre, na semana passada.
A limitação do número de candidatos nos debates na TV e no rádio, possibilitada pela cláusula de barreira não melhora a efetividade desses programas para a compreensão das propostas para a cidade. É o que avaliam dois cientistas políticos com base nos dois primeiros debates veiculados em Porto Alegre, na semana passada.
O primeiro deles aconteceu na terça-feira (6) na Rádio Gaúcha. E o segundo, que abriu os debates na televisão, ocorreu na Band RS na noite de quinta-feira (8).
De acordo com Rodrigo Stumpf González, vinculado à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), embora a cláusula de barreira tenha deixado os debates “mais próximos do razoável”, com menos participantes, ainda não “extremamente picotados”. Praticamente nenhum debatedor tem tempo para explorar um raciocínio”, avalia.
Para o pesquisador, para ser mais efetivo, o debate deveria ter um formato mais parecido com o modelo estadunidense, em que são convidados apenas os candidatos com mais intenções de voto, e onde existe um tempo fixo usado pelo próprio participante em uma discussão de tema e formato livres. O formato foi parcialmente utilizado nas eleições presidenciais em 2022 no Brasil. “O problema é que nossos candidatos não estão acostumados. Falam muito e quando vão começar a abordar propostas, o tempo acabou. (Esse modo) dá liberdade, mas exige autocontrole”, observa.
Na análise do cientista político Moysés Pinto Neto, para além da estrutura, o próprio conceito do debate político está esvaziado no Brasil. “Eles perderam muito a força, que hoje está concentrada nas redes sociais. Estas, por sua vez, são usadas mais como ressonância dos debates, com pessoas comentando nas postagens, e com os recortes produzidos pelos candidatos”, analisa. González corrobora: “Algumas falas parecem fora de contexto, mas na verdade a utilidade delas não está no debate, e sim na campanha”, gerando material para a produção de “memes” de rápida disseminação.
Nesse sentido, segundo Moysés, a desatenção do espectador tem um papel nesse contexto. “A eleição se transformou em uma disputa identitária e não mais programática. Cada um vai traçar seus cortes em função disso, porque as pessoas têm menos interesse em conhecer propostas específicas. Elas querem um programa simplificado em um formato condensado.”
No caso dos próprios candidatos, ouvidos pelo Jornal do Comércio antes do primeiro debate das eleições em Porto Alegre, os programas ainda são valorizados pela oportunidade de exposição. “Com menos integrantes, há mais tempo para debater propostas, explorar o que acreditam e o que precisa ser modificado”, avaliou o deputado estadual Felipe Camozzato (Novo).
Para Juliana Brizola (PDT), o debate traz poucos minutos para a população conhecer os candidatos. “As pessoas vão se apresentando ao longo da campanha. Mas mais importante é que a população investigue, busque saber quem é quem”, opinou.
O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), que busca a reeleição, crê que “quanto mais pessoas participando, melhor, mas as regras do jogo eleitoral são essas”.
Já a deputada federal Maria do Rosário (PT) crê que a abordagem de temas alheios à administração municipal atrapalha a discussão. “Sem isso, seria possível trazer mais propostas e soluções”, pontuou.

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