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Publicada em 09 de Agosto de 2024 às 03:42

Primeiro debate na TV não tem confronto direto entre pré-candidatos à prefeitura de Porto Alegre

Sorteio de nomes no debate da Band RS engessou dinâmica de interação entre os pré-candidatos

Sorteio de nomes no debate da Band RS engessou dinâmica de interação entre os pré-candidatos

EVANDRO OLIVEIRA/JC
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Lívia Araújo
Lívia Araújo Repórter
O sorteio entre os nomes dos pré-candidatos à prefeitura de Porto Alegre aglutinou interações de membros do mesmo campo político e desfavoreceu o confronto direto entre opositores no primeiro debate na televisão, ocorrido na noite desta quinta-feira (8) na TV e rádios do Grupo Bandeirantes.
O sorteio entre os nomes dos pré-candidatos à prefeitura de Porto Alegre aglutinou interações de membros do mesmo campo político e desfavoreceu o confronto direto entre opositores no primeiro debate na televisão, ocorrido na noite desta quinta-feira (8) na TV e rádios do Grupo Bandeirantes.
Em todos os blocos, as perguntas diretas acabaram por unir Maria do Rosário (PT) e Juliana Brizola (PDT), de siglas de esquerda e centro-esquerda, e Sebastião Melo (MDB) e Felipe Camozzato (Novo), legendas à direita no cenário gaúcho. Se, por um lado, o clima foi mais frio que o debate realizado na terça-feira (6) na Rádio Gaúcha, sem ataques diretos acalorados, por outro, houve mais tempo para que os pré-candidatos apresentassem propostas sem interrupções.
A dinâmica do debate seguiu um modelo tradicional: no primeiro e no terceiro blocos, cada pré-candidato fazia perguntas ao nome sorteado com tema livre, com resposta, réplica e tréplica. Nesses dois blocos, a interação se limitou a Juliana Brizola e Maria do Rosário, e entre Felipe Camozzato e Sebastião Melo, que falaram sobre questões já tratadas no debate anterior, como a gestão das enchentes, filas para consultas e exames no sistema municipal de saúde e o déficit de vagas nas creches municipais.
No terceiro segmento do programa, jornalistas perguntaram sobre temas que envolveram saúde, segurança pública, economia, prevenção contra enchentes, saúde mental e gestão de resíduos. Cada pré-candidato respondeu sobre um tema, enquanto outro, também definido em sorteio, poderia fazer um comentário a respeito. Embora não houvesse réplica, foi o único momento em que foram apresentados alguns contraditórios mais agudos. Rosário pode comentar falas de Melo, enquanto Camozzato teve a oportunidade de contestar falas de Rosário e Juliana; as demais questões repetiram as combinações dos outros blocos.
Por fim, o quarto bloco foi exclusivamente dedicado às considerações finais, onde cada pré-candidato teve três minutos de fala.

Confira uma síntese das propostas e postura dos pré-candidatos no debate da Band

Em ordem alfabética
Camozzato: saneamento básico e falas antipetistas
Uma das principais ideias apresentadas por Camozzato neste primeiro debate televisivo foi a de oportunizar parcerias público-privadas para ampliar o saneamento básico na capital gaúcha, pontuando que “sem concessão não haverá universalização”. Ele também prometeu buscar integrações para o transporte coletivo e outros modais de transporte e a possibilidade de pagar aplicativos, trem e ônibus com um mesmo cartão. Na saúde, o pré-candidato propôs utilizar a telemedicina para agilizar e aprimorar o encaminhamento a especialidades.
Durante o debate, Camozzato também buscou valorizar a atuação de outros nomes do Novo na Câmara Municipal, com aprovação de leis relacionadas a aplicativos de transporte e redução de impostos, e no Executivo de municípios como Joinville e em Minas Gerais, estado governado por Romeu Zema. Em muitos momentos, o parlamentar também falou muito rápido, tentando condensar informações em um intervalo de tempo mais curto.
Sem receber críticas dos adversários, o deputado concentrou ataques ao governo federal e principalmente ao PT, usando frases como “o PT tem uma política de tolerância com a criminalidade” e dizendo que o PT é aliado do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) ao citar a morte de um brigadiano em serviço por um militante do movimento em 1990.

Juliana Brizola: acusações a Melo e ‘via única’
As principais promessas de Juliana Brizola, caso eleita, envolvem uma bandeira histórica do PDT: a educação. A ex-deputada estadual prometeu ampliar o turno integral para até 50% da rede municipal de ensino, além de aumentar o salário dos professores para R$ 3 mil com a carga horária de 20 horas semanais e a criação de uma bolsa-incentivo de R$ 150 para estimular a permanência de alunos das séries finais. Ela também prometeu a concessão de R$ 50 milhões em crédito para a recuperação de empreendedores na Capital e o estímulo ao consumo de produtos feitos em Porto Alegre.
Tentando se afastar da polarização entre os principais candidatos de direita e esquerda na disputa pela prefeitura, Juliana Brizola se colocou durante o debate como “a via única” para resolver os problemas da Capital. Embora criticasse o governo federal na demora de repasses e na concessão de auxílios, a pedetista pregou união entre prefeitura, Estado e União para a obtenção de recursos financeiros e políticas de reconstrução no pós-enchente.
A ex-vereadora e deputada estadual também manteve o tom das críticas feitas a Melo já no debate da Rádio Gaúcha, acusando o prefeito de falhas na comunicação com a população e na prevenção à enchente. Ela também culpou indiretamente o prefeito por irregularidades em órgãos de governo. “Vou me responsabilizar por quem eu escolho para gerir uma autarquia”, disse.

Maria do Rosário: defesa do governo federal
Apesar de críticas ao governo federal realizada por todos os seus adversários, durante o debate Maria do Rosário valorizou a atuação da gestão de Lula na reconstrução do Estado, citando nominalmente o ministro petista Paulo Pimenta, e afirmou que, como deputada federal, trabalhou para a chegada de recursos à região. Algumas das propostas apresentadas pela pré-candidata incluem a recuperação do Quatro Distrito, e investimentos em turismo, gastronomia, e em um polo de saúde. “Temos de manter as pessoas em Porto Alegre, para que a cidade não perca cérebros e população”. A petista também propôs o pagamento de um salário mínimo para trabalhadores em cooperativas de reciclagem. Na área de segurança, Rosário propôs reforçar a vigilância no entorno de escolas com a guarda municipal, e a revitalização de praças para dar “atendimento e vivência aos jovens”.
Como Juliana, Rosário não poupou acusações a Melo, seu principal adversário na disputa, chegando a mostrar ao vivo a imagem da contenção utilizada em uma das comportas destruídas durante as cheias. “A população merece mais do que sacos de areia”, disse.
Sebastião Melo: cobranças ao governo federal e do Estado
Entre as ações e propostas anunciadas pelo prefeito, estão iniciativas previstas ainda para o atual mandato, como a reconstrução dos diques do Sarandi e próximo à Fiergs, que não contiveram o excesso de chuva, e posteriormente a reconstrução das casas de bombas e fechamento definitivo de comportas onde não há circulação de veículos, utilizando R$ 500 milhões em recursos federais. Na segurança pública, prometeu ampliar integração entre a guarda municipal e forças de segurança e aprimorar recursos tecnológicos. Ele também assumiu o compromisso de zerar o déficit de vagas em creches, também estendendo o horário de funcionamento desses estabelecimentos.
Para se defender das acusações feitas pelas adversárias, em quase todas as suas falas, o emedebista culpou o governo federal pela demora no envio de recursos, além de alegar que o sistema de contenção de cheias tinha falhas e era insuficiente, também responsabilizando o Planalto por isso. Ele também criticou o governo estadual pela gestão na área da saúde na Região Metropolitana, apontando que isso contribui para o aumento de filas e inchaço do sistema municipal de saúde.
Em suas considerações finais, agradeceu aos voluntários que trabalharam durante e após a enchente, e disse que “a enchente trouxe dores e perdas, mas a dor gera a esperança de uma cidade melhor” e que “Porto Alegre não é o caos que pintam”.

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