Nenhuma cidade gaúcha vai sair sozinha do impacto das enchentes de maio. Os municípios afetados não têm condições econômicas de sozinhos de bancar uma reconstrução. As cidades vão precisar da ajuda do governo federal. A avaliação foi feita pelo vice-prefeito de Porto Alegre, Ricardo Gomes, que nesta terça-feira (23) palestrou do Menu POA da Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA), no Palácio do Comércio. "As cidades teriam condições de se reconstruir caso não tivessem que repassar os recursos arrecadados ao governo do Estado e a União", avalia. O evento, que discutiu "Estratégias para o avanço da reconstrução de Porto Alegre", contou com a presença do secretário municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade, Germano Bremm.
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Segundo Gomes, Porto Alegre teve 1.081 quilômetros de vias urbanas que ficaram submersas durante as enchentes de maio. "Somente na limpeza e no abrigo de pessoas o município comprometeu cerca de R$ 377 milhões que são considerados custos extras pela prefeitura", destaca.
O vice-prefeito disse ainda que há R$ 603 milhões projetados como perda de arrecadação. "O Município vai gastar R$ 377 milhões e vai arrecadar R$ 603 milhões a menos. Tudo isso resulta num desencaixe de quase R$ 1 bilhão nas contas públicas", lamenta.
Conforme o vice-prefeito, os R$ 12,3 bilhões pedidos ao governo federal seriam utilizados para a reconstrução dos equipamentos públicos de infraestrutura (cerca de R$ 784 milhões), habitação (R$ 5,5 bilhões) e recuperação dos sistemas de abastecimento de água, esgoto e manejo das águas pluviais (R$ 383 milhões). Além disso, o Município solicitou R$ 400 milhões para a reconstrução dos diques de proteção e R$ 600 milhões para a perda de arrecadação. Para a expansão da estrutura de macrodrenagem de Porto Alegre foram calculados o valor de R$ 4,7 bilhões. "Até agora, não chegamos a receber 1% deste valor do governo federal", explica.
Para Bremm, a recuperação de Porto Alegre passa por obras públicas, por obras de infraestrutura e pela reconstrução dos serviços que foram afetados. Porém, segundo o vice-prefeito, a reconstrução da cidade Alegre passa primordialmente pela recuperação econômica das empresas. "Existe uma preocupação com a atividade econômica da cidade. Afinal, o emprego e a renda são necessários neste momento", acrescenta. Sobre a questão habitacional, o secretário afirma que mais de 20 mil moradias foram destruídas ou parcialmente afetadas pelas enchentes em Porto Alegre.
Com relação ao setor privado, o vice-prefeito disse que os empresários precisam de crédito e de medidas como ocorreu na pandemia da Covid-19. "O prefeito Sebastião Melo entregou ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, um pedido especial de liberação de recursos financeiros no valor R$ 12,3 bilhões que é o custo de reconstrução da cidade e das habitações por quem foi atingido pelas inundações. Até agora, recebemos da União apenas R$ 94 milhões", comenta.
O vice-prefeito disse que Porto Alegre teve 28% do território afetado pelas enchentes. "No entanto, tivemos 72% que não foram atingidos e por isso acreditamos que a força do setor privado de Porto Alegre é resiliente e capaz de apoiar o processo de reconstrução da cidade", explica. Gomes disse que quer que as empresas recuperem a condição de ofertar vagas de emprego e de realizar investimentos na cidade. "As empresas precisam de crédito e a cidade vai se recuperar porque adotamos uma postura de liberdade econômica, de desburocratização e de redução de impostos", acrescenta.