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Publicada em 05 de Junho de 2024 às 18:58

Prefeitura retira projetos voltados para reconstrução de Porto Alegre de votação

Nas últimas sessões, parlamentares da base do prefeito Melo contrariaram orientações do governo em votações

Nas últimas sessões, parlamentares da base do prefeito Melo contrariaram orientações do governo em votações

Ederson Nunes/CMPA/Divulgação/JC
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Ana Carolina Stobbe
Ana Carolina Stobbe
O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), solicitou a retirada de projetos de lei voltados à reconstrução da cidade da pauta de votação da Câmara Municipal. A decisão foi tomada após a base governista auxiliar na aprovação de emendas que a Prefeitura orientava a rejeitar.
O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), solicitou a retirada de projetos de lei voltados à reconstrução da cidade da pauta de votação da Câmara Municipal. A decisão foi tomada após a base governista auxiliar na aprovação de emendas que a Prefeitura orientava a rejeitar.
De acordo com a líder do governo em exercício, vereadora Cláudia Araújo (PSD), os parlamentares aliados a Melo devem se reunir para discutir as emendas e os projetos, objetivando que a votação deles não ocorra novamente “da forma apressada em que foi feita (nas últimas sessões)”. A expectativa de Cláudia é de que o retorno do pacote de projetos para apreciação ocorra em cerca de 15 dias.
Os projetos foram encaminhados ao Legislativo durante o último mês. Como traziam respostas às enchentes, para acelerar os trâmites burocráticos e torná-los aptos para votação foi realizada uma reunião conjunta das comissões. Dessa maneira, os onze projetos começaram a ser apreciados na última quarta-feira (29), com a pauta sendo continuada na segunda-feira (03). Ao todo, oito projetos foram aprovados nas duas sessões plenárias, faltando três que seriam votados nesta quarta-feira (05) se não tivessem sido retirados da ordem do dia.
O problema — para a Prefeitura — foi que durante as duas sessões em que os projetos do Executivo foram votados, foram aprovadas emendas que o governo gostaria de derrubar. A alegação, em ambos os casos, era de que as proposições afetariam as finanças municipais, sendo inviáveis no momento.
Em um dos projetos votados na quarta-feira (29) e que alterava dispositivos do Programa Municipal de Recuperação Emergencial e Auxílio Humanitário, duas emendas foram aprovadas com votos da base governista, contra a orientação da Prefeitura. Uma delas, a emenda 3, ampliou o valor do benefício “Estadia Solidária” de R$ 700,00 para R$ 1.600,00.
Essa emenda foi proposta pelo vereador Cláudio Janta (SD), que já foi líder do governo Melo na Câmara. O placar foi estrondoso, com 26 votos favoráveis e apenas 9 contrários. Até mesmo o MDB, partido do prefeito, se dividiu, com a vereadora Tanise Sabino (MDB) apoiando a aprovação da emenda.
Apesar da aprovação das emendas, cabe a Melo sancionar ou vetar as mudanças no texto original do projeto. De acordo com o parlamentar Pablo Melo (MDB), a expectativa é de que seja realizado um veto devido ao impacto nas finanças municipais, que poderia deixar dívidas para o prefeito que assumirá o Executivo no próximo ano. O vereador afirma que o dirigente conseguiria sancionar um aumento no benefício para no máximo R$ 1.000,00.
No mesmo projeto, houve, inclusive, a aprovação por unanimidade de outra emenda que a Prefeitura orientou pela rejeição. De autoria do presidente da Câmara, vereador Mauro Pinheiro (PP), o projeto também ampliava os recursos empenhados pelo Executivo por meio de auxílios. Dessa forma, na redação final do projeto de lei que irá para a sanção de Melo, o auxílio humanitário será de R$ 5.240,00 e o auxílio para retomada econômica R$ 6.287,00.
Na segunda-feira (03), o cenário se repetiu na votação de um projeto que suspendia o pagamento de alguns tributos por afetados pela enchente, incluindo o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU). Dessa vez, mais derrotas na aprovação de emendas foram expressivas para o Governo.
Uma das propostas aprovadas a contragosto e por unanimidade, mas não nominalmente, ampliava o período da remissão do IPTU para moradias atingidas pelas enchentes. O secretário municipal da Fazenda, Rodrigo Fantinel, que acompanhava a sessão, afirmava aos apoiadores que, caso aprovada, a emenda apresentada pela bancada do partido Novo “quebraria” financeiramente a Prefeitura. Entretanto, Fantinel não obteve êxito em convencer os governistas. 
Diante do cenário, a liderança do governo solicitou por diversas vezes verificação de quórum. Caso a base governista não confirmasse presença, a votação seria suspensa e a sessão de votação encerrada. Entretanto, apenas ao final da votação de todas as emendas do projeto foi possível interromper a ordem do dia pela ausência do número mínimo de parlamentares necessários para o prolongamento da sessão.

Três projetos foram retirados da pauta

Ao todo, três projetos que ainda não foram votados e que já estavam na pauta dos parlamentares foram retirados pelo governo. Eles dizem respeito a benefícios para afetados pelas enchentes e destinação de verbas para a reconstrução da cidade, sendo que todos contam com, ao menos, 7 emendas. Confira quais são os projetos com votação suspensa:
  • PLE n° 012/2024: altera dispositivos do Programa Mais Habitação - Compra Compartilhada;
  • PLE n° 011/2024: altera a lei que institui o bônus-moradia e dá outras providências;
  • PLCE n° 0370/24: desvincula o valor dos saldos de fundos municipais existentes do seu fim original para destiná-lo à reconstrução de Porto Alegre

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