Durante a crise climática que trouxe enchentes e uma tragédia humanitária generalizada no Rio Grande do Sul, milhões de gaúchos ficaram temporariamente sem energia elétrica. Algumas moradias e estabelecimentos das regiões mais afetadas permanecem sem luz - situação que já não é novidade no Estado após temporais com fortes ventos e chuvas.
Nesse sentido, o Ministério de Minas e Energia prepara uma revisão das concessões de energia elétrica no País.
Questionado pelo Jornal do Comércio sobre possíveis revisões nas concessões, o titular da pasta, Alexandre Silveira (PSD-MG), afirma que "o governo já está fazendo isso": "Na semana passada, enviei para o Palácio do Planalto, e já está na Casa Civil, um modelo de renovação de concessão, que aperta e moderniza os contratos de concessão".
Segundo ele, o processo de conceder o serviço essencial que é o fornecimento de energia elétrica não foi bem feito e o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve preparar uma série de exigências para as empresas que exploram as operações.
"As privatizações foram feitas de forma muito frouxa. E agora vamos exigir índices de DEC, de FEC, de relação com a comunidade muito mais eficientes, fazendo com que a iniciativa privada, que cuida do setor de distribuição hoje, possa prestar mais relevantes serviços à sociedade brasileira", afirmou Silveira.
O índice de DEC significa a Duração Equivalente de Interrupção por unidade consumidora, ou seja, o tempo que, em média, no período de observação, cada unidade consumidora ficou sem energia elétrica. O índice de FEC significa a Frequência Equivalente de Interrupção por unidade consumidora, ou seja, o número de interrupções ocorridas, em média, no período de observação.
Esse plano faz parte de um segundo momento, segundo ele: "O primeiro momento é restabelecer a dignidade das pessoas. Num segundo é avançar num planejamento para que a gente possa reconstruir e voltar à normalidade".
No auge da calamidade, segundo o titular de Minas e Energia, o RS chegou a ter cerca de 2 milhões de pessoas sem luz. "Chegmaos a ter 570 mil unidades consumidoras sem energia elétrica. Mais de 2 milhões de pessoas ficaram sem energia elétrica no pico dessa tragédia humanitária. Hoje, já baixamos de 100 mil. Enviei técnicos do Brasil inteiro. Hoje eu pude, no Centro Histórico (de Porto Alegre), ligar mais de 20 mil unidades consumidoras. Uma alegria tremenda, pessoas podendo voltar a abrir comércios, a vida sendo restabelecida, mas ainda há muito por fazer. É muito importante que continuemos mobilizados", relatou Silveira.