O prefeito de Porto Alegre Sebastião Melo (MDB) partiu para o ataque após ser acusado de negligência em relação a um relatório de engenheiros do Departamento Municipal de Água Esgotos (Dmae) que teriam alertado sobre obras necessárias para a preservação das ETAS em caso de elevação do Guaíba.
Relatórios de 2018 e 2023 emitidos por engenheiros apontavam problemas estruturais passíveis de manutenção nas Estações de Bombeamento de Água Pluvial (Ebaps) 13, 17, 18 e 20 - justamente algumas das que apresentaram falhas durante a enchente que atingiu a capital gaúcha após as fortes chuvas no Rio Grande do Sul. Os documentos indicavam perigo de inundação de áreas centrais de Porto Alegre caso as questões não fossem corrigidas e o nível do Guaíba eventualmente se elevasse.
Os documentos solicitavam à prefeitura reformas estruturais após fortes chuvas ocorridas em 2023, quando o nível do Guaíba ultrapassou os 4,30 metros, e, segundo o relatório dos engenheiros, expôs necessidade de obras de manutenção nas estações.
O prefeito de Porto Alegre tratou do tema durante entrevista coletiva cujo foco principal seria a divulgação de novas ações da prefeitura em resposta à calamidade das inundações. Melo afirma que o relatório contém mentiras disseminadas por pessoas de esquerda.
O prefeito de Porto Alegre tratou do tema durante entrevista coletiva cujo foco principal seria a divulgação de novas ações da prefeitura em resposta à calamidade das inundações. Melo afirma que o relatório contém mentiras disseminadas por pessoas de esquerda.
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“Algumas pessoas muito conhecidas dos gaúchos tentam montar uma narrativa mentirosa sobre a questão das enchentes em Porto Alegre. Quero dizer que essas pessoas governaram a cidade durante 16 anos, porque esse sistema de proteção vem de 1968, 1969. Sou o 13º prefeito de lá para cá. Não vou politizar esse debate. Não é com ideologia que vou resolver enchente”, afirmou Melo, antes de começar a abordar os anúncios.
Ele voltaria a se manifestar sobre o tema após ser questionado pela imprensa. “O engenheiro que fez essa denúncia é do PT e foi diretor do (extinto) Departamento de Esgotos Pluviais (DEP) e nada fez. Eles (PT) governaram a cidade por 16 anos (1989-2004) e quero saber quais mudanças que eles fizeram na concepção desse processo. Ele (engenheiro do Dmae) abriu um processo, ficou dois, três anos, não fez nada e depois da chuvarada esse processo apareceu”, rebateu o prefeito.
Independentemente da solidez da denúncia e das hipotéticas irregularidades nas estações, Melo afirma categoricamente que não foi isso que causou inundações na Capital. “Vocês acham realmente que o problema das enchentes em Porto Alegre foram duas casas de bomba? Será que as pessoas não se dão conta que choveu milhões de metros cúbicos no RS, e Porto Alegre está no meio dos quatros rios, que são Jacuí, Caí, Sinos e Gravataí? Para mim, é uma narrativa irresponsável que eu não vou permitir”, enfatizou o emedebista.
Diretor-geral do Dmae, Maurício Loss também aponta para a complexidade das obras demandadas nos documentos. “Não é uma simples elevação de parede, como um deputado menciona em um vídeo, que, até onde sei, não é engenheiro civil. É um projeto robusto. Tudo que se menciona ali é algo que tem que se fazer um projeto. Não é uma simples sentada de tijolo que vai resolver o problema”, disse, fazendo referência ao deputado estadual Matheus Gomes (PSOL), quem divulgou o relatório.
Loss também afirmou que Melo não teve acesso aos documentos. “Esse processo havia sido encerrado no então DEP e de lá para cá nunca havia sido sequer mencionado ou aberto esse processo. Esse processo não passou nem por mim e nem pelo prefeito”, declarou o diretor-geral do Dmae.