A ida do ativista e jornalista norte-americano Michael Shellenberger ao Senado nesta quinta-feira (11) inflamou as críticas de senadores e deputados federais bolsonaristas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e à imprensa.Durante a audiência pública, Shellenberger exaltou os Estados Unidos pela tolerância a discursos neonazistas, disse que o "Supremo se comporta de um jeito muito agressivo" e que as demandas feitas por Moraes são muito "fortes".
"Em 77 (1977), a Corte Suprema dos Estados Unidos resolveu que os nazis podiam fazer manifestação em um bairro dos judeus. É uma coisa incrível", afirmou. "E não foi somente um bairro de judeus, mas de sobreviventes do Holocausto."
Postagens feitas por Shellenberger em sua conta no X (antigo Twitter) antecederam os ataques do bilionário Elon Musk, dono da rede social, a Moraes. O conteúdo, batizado de 'Twitter Files Brazil', reúne e-mails trocados por funcionários da rede entre 2020 e 2022 reclamando de decisões da Justiça brasileira no âmbito de investigações sobre a propagação de notícias falsas e ataques ao sistema eleitoral.
Antes da ida ao Senado, o ativista voltou atrás em uma das acusações que havia feito e disse que errou ao dizer que Moraes e "outros funcionários do governo" ameaçaram processar o advogado do Twitter no Brasil caso ele não entregasse informações "privadas e pessoais".
Diferentemente do que Shellenberger havia dito inicialmente a seus seguidores, a ameaça de processo ao advogado Rafael Batista foi feita pelo Ministério Público de São Paulo, sem qualquer relação com o ministro do Supremo.
A audiência pública foi realizada na Comissão de Comunicação do Senado a pedido do senador bolsonarista Magno Malta (PL-ES). David Ágape, parceiro de Shellenberger na divulgação do material, também foi ouvido.
Durante quase cinco horas, senadores e deputados federais discursaram e perguntaram a opinião dos dois sobre diferentes tópicos, como o chamado Projeto de Lei das Fake News - que foi abandonado pela Câmara dos Deputados nesta semana - e o trabalho da imprensa brasileira.
A dupla não mostrou aos parlamentares novos e-mails do "Twitter Files Brazil" nem qualquer documento oficial da Justiça brasileira.
Folhapress