O ex-coordenador-geral da operação Lava Jato Deltan Dallagnol teve seu mandato de deputado federal cassado com base na Lei da Ficha Limpa. Pelo entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele não poderia ter deixado seu cargo de procurador da República enquanto estavam abertas sindicâncias para investigar sua atuação profissional. Essas sindicâncias podiam gerar processos administrativos disciplinares os quais, em caso de condenação, o tornariam inelegível.
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No entanto, a decisão do TSE apenas cassou o mandato sem determinar especificamente se ele estaria inelegível por oito anos. Com isso, Deltan lançou sua pré-candidatura à prefeitura de Curitiba. Quando questionado pela reportagem sobre a possibilidade de ter sua candidatura impugnada pela oposição, ele se mostrou confiante. “Nas eleições municipais, o Tribunal Superior Eleitoral, que foi quem cassou meu mandato não funciona, a instância revisora agora é o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, que me deu ganho de causa na eleição anterior”, defendeu.
Dallagnol esteve em Porto Alegre para o ato de filiação do vereador Ramiro Rosário, ex-PSDB, ao Partido Novo. Convidado a avaliar qual foi o legado da Lava Jato uma década após seu início, considerando as anulações de provas e processos observadas ao longo dos últimos anos, Deltan enfatizou a possibilidade de mostrar que “é possível combater a corrupção”. A operação “trouxe o conhecimento, trouxe conscientização, trouxe o diagnóstico para que a gente possa aplicar tratamento (para o problema da corrupção). O problema no Brasil é que o tratamento não veio”, pontuou.
Nesse aspecto, ele ainda criticou o chamado “pacote anticrime”, proposto pelo ex-Ministro da Justiça Sérgio Moro, que atuou como juiz na Lava Jato. De acordo com Deltan, a proposta de Moro “passou uma série de regras contra a criminalidade de rua, mas não contra a criminalidade do colarinho branco”.