Porto Alegre,

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 11 de Março de 2024 às 20:10

Vereadores do PT são denunciados à Comissão de Ética da Câmara Municipal de Porto Alegre

Adeli Sell e Jonas Reis, ambos do PT, foram alvo de denúncias nessa segunda-feira (11)

Adeli Sell e Jonas Reis, ambos do PT, foram alvo de denúncias nessa segunda-feira (11)

CMPA/Divulgação/JC
Compartilhe:
Ana Carolina Stobbe
Ana Carolina Stobbe
Dois vereadores do Partido dos Trabalhadores (PT) foram denunciados para a Comissão de Ética da Câmara Municipal de Porto Alegre nesta segunda-feira (11). Enquanto o parlamentar Jonas Reis foi acusado pelos representantes do MDB na casa por quebra de decoro e disseminação de fake news, Adeli Sell foi acusado pela colega do Legislativo Comandante Nádia (PP) por quebra de decoro e violência de gênero. A progressista também abriu um boletim de ocorrência contra o petista.
Dois vereadores do Partido dos Trabalhadores (PT) foram denunciados para a Comissão de Ética da Câmara Municipal de Porto Alegre nesta segunda-feira (11). Enquanto o parlamentar Jonas Reis foi acusado pelos representantes do MDB na casa por quebra de decoro e disseminação de fake news, Adeli Sell foi acusado pela colega do Legislativo Comandante Nádia (PP) por quebra de decoro e violência de gênero. A progressista também abriu um boletim de ocorrência contra o petista.

O caso de Jonas Reis

Os vereadores Lourdes Sprenger, Idenir Cecchim e Pablo Melo, representantes do MDB na Câmara, protocolaram uma representação por quebra de decoro parlamentar e disseminação de fake news. No documento, eles acusam o vereador Jonas Reis (PT) de amplificar uma acusação inverídica realizada pelo deputado estadual Leonardo Radde (PT).
Radde teria acusado a esposa do vice-governador Gabriel Souza (MDB) de ter relações com uma empresa vinculada a atos golpistas. À época, Souza negou as acusações, dizendo sequer conhecer a empresa. O deputado estadual chegou a emitir uma nota se retratando. A denúncia dos emedebistas é de que o vereador Jonas Reis teria compartilhado a denúncia na rede social Instagram.
No último mês, Jonas já havia recebido uma queixa-crime do prefeito Sebastião Melo, também do MDB, em que era acusado de três crimes de calúnia e oito de injúria em postagens na mesma rede social. As postagens apresentadas por Melo teriam sido realizadas em janeiro.
Em nota enviada à reportagem, o vereador afirma que essa é mais uma tentativa do governo Melo e de seus aliados em intimidá-lo. Alegando, ainda que buscam, com a denúncia, "tirar o foco do desastroso desgoverno de Porto Alegre".

O caso de Adeli Sell

A vereadora Comandante Nádia (PP) denunciou o também vereador Adeli Sell (PT) por quebra de decoro e violência de gênero. Os fatos que deram origem ao processo — e também a um boletim de ocorrência — levam em consideração uma discussão acalorada ocorrida entre os dois durante a primeira sessão de oitivas da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a atuação da CEEE Equatorial. Na ocasião, eles debateram sobre uma série de requerimentos apresentados pelo líder da oposição na Câmara, Roberto Robaina (PSOL), que haviam sido rejeitados.
No documento apresentado à Mesa Diretora, Nádia alega que Adeli “utilizou-se do microfone de apartes para emitir frases preconceituosas contra uma mulher parlamentar, chamando-a de indigna e indecente, proferindo, aos berros, ofensas de cunho pessoal gravíssimas”. Em nota, o vereador mostrou-se arrependido de sua conduta e afirmou que “o episódio serve de aprendizado”.
Adeli, ainda, alegou também ter se sentido ofendido pela menção à sua esposa durante a discussão.

Trecho da discussão:

— Mal-educada. Eu não grito com as pessoas. É que você passa por cima do Direito do Trabalho — gritou Adeli.
— Tu pensa que é quem, Adeli? Vai gritar com a tua mulher. Comigo, tu não grita. Sou vereadora igual a ti — respondeu Nádia.
— A senhora é uma indecência nesta casa. A senhora é a favor da morte, e não envolva a minha esposa, que é digna, advogada e não se rebaixa como a senhora está se rebaixando — defendeu Adeli.

Confira, na íntegra, a nota de Adeli Sell (PT)

Durante a sessão da CPI da Equatorial da última quinta-feira houve um embate político, como acontece neste tipo de atividade, no qual eu reconheço que me exaltei. E antes de avançar, gostaria de contextualizar o episódio. Estávamos debatendo o requerimento do vereador Roberto Robaina, que propunha trazer para a CPI a investigação sobre as mortes dos trabalhadores da Equatorial em serviço. Um assunto que consideramos muito grave e que achamos que merece a atenção desta casa. Principalmente pela incompetência da Equatorial, que além de prestar um péssimo serviço à população, parece não investir em qualificação de sua mão-de-obra. Fato que eu defendo que temos que investigar justamente para evitar novas mortes de trabalhadores. Infelizmente, o requerimento foi rejeitado pela base governista, que tem maioria na CPI.
Eu e a vereadora Comandante Nádia (PP) somos de campos políticos completamente opostos e defendemos visões de mundo e sociedade diferentes. A Câmara é o espaço para discutirmos, concordarmos e discordamos. Mas o respeito deve sempre imperar.
Também me senti ofendido, principalmente quando da citação à minha esposa. E no calor do momento, me exaltei e portanto gostaria de expressar meu arrependimento pelas palavras e atitudes que proferi e tive.
Reconheço que as falas foram inadequadas e contrárias aos princípios fundamentais de igualdade e respeito mútuo. Nesse sentido, quero deixar claro que minha fala não representa minhas convicções e valores e que o episódio serve de aprendizado.
Continuaremos pautando nossa atuação na CPI na defesa da população de Porto Alegre para cobrar as responsabilidades da Prefeitura e da Equatorial pelo caos que se sucede a cada chuva em Porto Alegre. E seguiremos lutando para levar essa investigação a fundo pelo bem da população.

Confira, na íntegra, a nota de Jonas Reis

Mais uma vez, o governo Melo e seus aliados tentam intimidar o vereador Jonas Reis e tirar o foco do desastroso desgoverno de Porto Alegre. Em vez de explicar a falência dos serviços públicos da cidade, por eles promovida, preferem arranjar a quem culpar por meio de artifícios acusatórios. Bem mais fácil do que justificar um sistema de transporte coletivo que deixa na mão milhares de usuários, por exemplo, ou compras suspeitas na secretaria da educação que levaram à prisão da antiga secretária e ao afastamento do governo do presidente do partido de Melo.
Porto Alegre precisa de planejamento e de serviços públicos, não de pseudo-administradores e aliados que se ocupam como falsos acusadores. Não me intimidam e não calarei frente a uma cidade que tem 11 mil crianças sem vagas em escolas.

Notícias relacionadas