Após adiamentos, reajuste de 9% no mínimo regional pode ser votado na CCJ

Se não houver novos pedidos de vistas, pauta pode ser votada nesta terça pela comissão

Por Diego Nuñez

Sindicatos pressionam por aprovação, patronais pedem retirada do texto
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa se reúne na manhã desta terça-feira (24) em meio à expectativa para apreciação do relatório do projeto de reajuste do salário mínimo regional gaúcho. Encaminhada pelo governador Eduardo Leite (PSDB) no final de junho, a proposta indica reposição de 9% em todas as faixas do mínimo estadual.
LEIA TAMBÉM: Famurs contesta peso da regra populacional na reforma tributária

A Comissão vem, há duas semanas, adiando a apreciação da pauta. A relatora do projeto, deputada Nadine Anflor (PSDB), já realizou a leitura do relatório favorável à constitucionalidade e legalidade do texto no dia 10 de outubro. A partir de então, o tema poderia ser votado pela comissão.

Na mesma sessão da CCJ, o deputado Marcus Vinicius (PP) pediu vistas ao voto da relatora. Na sessão seguinte, em 17 de outubro, foi a vez do deputado Cláudio Tatsch (PL) fazer pedido de vistas. Todos os componentes da comissão têm direito de pedir vistas às pautas analisadas.

“Já relatei e já fiz a leitura na CCJ há mais de duas semanas. Se vai ser votado amanhã, vai depender se algum parlamentar pedir vista”, disse Nadine.

O projeto está em 11º lugar na ordem de priorização na CCJ. Se a sessão transcorrer em ritmo normal e não houver pedido de vistas, há tempo hábil para ser apreciado nesta terça pela comissão.

Enquanto a matéria tramita no Legislativo, o Palácio Piratini sofre pressão tanto para acelerar a apreciação do projeto quanto para retirar a proposta de pauta. Na última sexta-feira (20), o governo estadual recebeu a base aliada no Parlamento em uma reunião com entidades empresariais que pedem a retirada do projeto.

Os empresários gaúchos são historicamente contra mesmo a existência de um salário mínimo regional no Rio Grande do Sul. Eles argumentam que, como muitos estados praticam o salário mínimo nacional - hoje fixado R$ 1320,00 -, o RS perderia em competitividade perante outros estados.

Por outro lado, os sindicatos trabalhistas pressionam governo e deputados para acelerar a votação e, claro, aprovação do projeto. Enquanto a base governista se reunía com empresários na sexta, os sindicatos se reuníram em frente ao Piratini para defender o projeto e protestar contra as pautas defendidas pelo empresariado gaúcho. Os dirigentes abordaram os parlamentares que chegavam para o evento e realizaram a entrega de um manifesto pedindo que o PL 290/2023 seja votado com urgência.

O projeto do Executivo eleva o piso regional de R$ 1.443,94 para R$ 1.573,89 e estabelece nova data-base para reajuste, hoje fixada no mês de fevereiro, para o mês de maio, em alusão ao dia do trabalhador.

Os demas níveis também receberão reajuste. A faixa 2 seria de R$ 1.610,13 para trabalhadores da indústria do vestuário, calçado, fiação, tecelagem, estabelecimentos de serviços de saúde, serviços de limpeza, hotéis, restaurantes, bares, etc.

A faixa 3 passaria a R$ 1.646,65, para indústrias de alimentos, móveis, química, farmacêutica, comércio em geral, armazéns, etc.

A faixa 4 seria de R$ 1.711,69, indústrias metalúrgicas, gráficas, de vidros, da borracha, condomínios residenciais, auxiliares em administração escolar, vigilantes, etc. Por fim, a faixa 5 passaria a ser de R$ 1.994,56, destinada a técnicos de nível médio.