PSDB e Cidadania já têm mapeadas as alternativas para a disputa da prefeitura de Porto Alegre do ano que vem. Entendendo ser importante uma candidatura majoritária, a federação encontra três nomes com potencial eleitoral na Capital, mas existem resistências e ainda caminha distante de uma definição.
Delegada Nadine Anflor (PSDB), deputada estadual; Artur Lemos Júnior (PSDB), secretário-chefe da Casa Civil do Estado, e Any Ortiz (Cidadania), deputada federal, são os três principais nomes debatidos internamente entre os partidos.
A quase um ano da eleição, no entanto, as siglas ainda não se reuniram para debater as eleições porto-alegrenses enquanto federação. "O tema da eleição será guardado para o momento apropriado, ouvindo lideranças locais e entendendo o cenário eleitoral", afirmou em entrevista o governador Eduardo Leite, presidente nacional dos tucanos.
"É natural e saudável que um partido do tamanho que o PSDB adquiriu no Estado pleiteie governar a Capital", indicou - a executiva nacional do partido aprovou resolução orientado apresentação de candidato próprio em municípios com mais de 100 mil habitantes.
O plano A do PSDB é a Delegada Nadine. Ela é a preferida de Leite para a disputa. Lemos também é um nome citado internamente, após assumir o comando da importante pasta da Casa Civil desde 2021. Any Ortiz também está à disposição da federação e já há alguns anos é a grande aposta do Cidadania gaúcho.
Em todas alternativas há resistências. Ninguém entra em uma eleição para perder e, a quase um ano da disputa, o prefeito Sebastião Melo (MDB) já articula uma aliança de pelo menos oito partidos à reeleição. A margem eleitoral no espectro do centro à direita é pequena hoje.
Por outro lado, uma esquerda turbinada por um governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) bem avaliado deixa pouca margem para uma nova disputa entre MDB e PSDB na Capital. Se a esquerda porto-alegrense mantiver a unidade vista nas recentes eleições gerais, deve garantir um representante no segundo turno.
Além disso, tanto o PSDB quanto o Cidadania são base aliada de Melo no Legislativo - este último tendo sido apoiador de primeira hora desde a eleição de 2020. Uma aliança com os emedebistas, apesar de difícil, não é descartada.
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Contudo, a federação entende a importância de um projeto respaldado pelo primeiro governo estadual reeleito na história ter uma candidatura majoritária. É pequena a chance de a federação não concorrer com cabeça de chapa de PSDB ou Cidadania - inclusive com a possibilidade de uma chapa pura desses dois partidos.
Saiba o que está em jogo
Delegada por 18 anos e por três chefe da Polícia Civil - da qual foi a primeira mulher no Estado a assumir o posto de comando -, Nadine é parlamentar de primeiro mandato e em 2022 teve sua primeira candidatura a cargo eletivo na política institucional. A deputada já deixou claro ao partido que, hoje, não tem a intenção de concorrer, tampouco tem projetado o futuro desta ainda jovem carreira política.
Para Lemos, a situação seria ainda mais difícil. Chefe da Casa Civil, é braço direito de Leite no Piratini. Participa ativamente das tomadas de decisões do Executivo, fala em nome do governo e representa o próprio Leite em diversas ocasiões institucionais. Além disso, jamais foi candidato a um cargo público eletivo.
Nadine teria a opção de se licenciar do mandato de deputada estadual e, em caso de insucesso eleitoral, retornar à Assembleia Legislativa. Lemos teria o ônus de abandonar um cargo de gestão, ainda que as portas continuassem abertas após um hipotético pleito.
Apesar de estar há mais tempo no cenário político, Any Ortiz faz neste ano sua estreia em Brasília. Vice-coordenadora da bancada gaúcha no Congresso e relatora do projeto de lei da desoneração da folha, teria de deixar a capital federal para enfrentar um difícil cenário na capital gaúcha.
Assim, a quase um ano do primeiro turno, a federação PSDB/Cidadania vislumbra tantas possibilidades quanto incertezas.