Os dados da segurança pública em julho no Rio Grande do Sul apresentaram uma redução em comparação com o mesmo período do ano passado, principalmente crimes contra a vida e patrimoniais. As informações foram divulgadas nesta quinta-feira (10) pelo governo do RS, em uma coletiva de imprensa.
A divulgação ocorreu na sede do Fecomércio RS, em Porto Alegre, e estiveram presentes o governador Eduardo Leite, o secretário de Segurança Pública, Sandro Caron, e as lideranças de diversos órgãos públicos, como Ministério Público Estadual (MPE), Corpo de bombeiros e Brigada Militar. "Nosso compromisso é continuar trabalhando para viabilizar reduções ainda mais expressivas e constantes nos indicadores para garantir um Estado mais seguro para todos", afirmou Leite.
O governador abriu a coletiva apresentando de forma breve os dados com recortes estaduais e com algumas análises voltadas para Porto Alegre. Foi ressaltado ao longo da primeira fala de Leite, e tornou a ser mencionado em diversos momentos da coletiva, que o mês de julho registrou o menor número de homicídios no RS dos últimos 13 anos. O levantamento ocorre desde 2010, colocando assim a marca como a menor da história.
Em comparação com outros anos, 2023 apresenta tendência promissora
De forma geral, a maior parte dos indicadores divulgados na coletiva apresentou uma redução perceptível em relação ao mesmo período em outros anos analisados pela série histórica. O número de homicídios contabilizados em julho foi de 95, o que já um indicador mais baixo se comparado com o mês de maio, que era a menor marca alcançada até então, com 107 mortes. A capital gaúcha teve uma queda de 53,3% no indicador acumulado no último mês e de 14% em relação a janeiro de 2023.
Os latrocínios passaram por uma redução ainda mais marcante, de 66,7%, saindo de três casos em julho de 2022, contra apenas 1 no mesmo mês em 2023. O acumulado do ano também apresentou queda, saindo de 32 casos no ano passado para 27 neste ano.
Para os feminicídios, a redução - que já era uma tendência que vinha sendo percebida desde abril - foi de 20% em relação a junho. O governo do Estado atribuiu o resultado às políticas de combate a violência contra a mulher aplicadas recentemente, como o Monitoramento do Agressor, a Delegacia Online da Mulher e a expansão da Sala das Margaridas.
Roubos de veículos seguiram a tendência dos demais indicadores, com redução de 19,4% na análise da série histórica. Esse tipo de delito ocorreu em 44 dos 497 municípios do RS.
Entre os crimes patrimoniais, as ocorrências bancárias e abigeatos (roubos de animais em propriedade privada) seguiram o mesmo padrão de queda. O único indicador que apresentou crescimento foi os roubos a transporte coletivo, com a alta de 36 para 57 casos.
Facções seguem sendo foco de combate criminal do Estado
O secretário de segurança pública enalteceu novamente as reduções de forma geral, mas vinculou essa melhora nas ações de combate ao crime organizado, visto que, como destacou durante a fala, 8 de 10 crimes ocorridos em território brasileiro tem relação com facções e tráfico de drogas em algum grau. Apesar de não ter indicado de onde vem essa informação durante a coletiva, a comparação vem a partir dos dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Caron esclareceu como são revistas diariamente as ações de combate a criminalidade: “Acompanhamos esses números diariamente. Nosso dia começa às 6h da manhã, examinando os dados do dia anterior para que sejam feitos operacionais. Quando se verifica um aumento de criminalidade em determinada região, imediatamente se busca solucionar o problema com envio de reforços e outras medidas”, apontou.
Crimes cibernéticos ainda são contabilizados como estelionatos
Atualmente, os dados de crimes virtuais, como golpes e extorsões feitas online, seguem sendo contabilizados como estelionatos. O Chefe de Polícia do RS, delegado Fernando Sodré, indicou que existe um incentivo para que esses casos sejam denunciados, possibilitando um mapeamento mais consistente e como o processo é feito nas atuais condições: “Os registros são feitos tanto pela Polícia Civil quanto pela Brigada Militar, e eles nos informam pelos nossos sistemas todos os tipos de golpes e crimes cibernéticos”.
Antes do início da coletiva, uma assessora indicou que algumas das razões para que ainda não exista essa separação. Além de nem todas delegacias disporem da estrutura e treinamentos necessários para acolher as denúncias, a legislação para crimes cibernéticos passou por uma mudança recente, no decreto n° 11.491 em abril de 2023, permanecendo com a classificação ainda nebulosa nesses casos.
Câmeras corporais para efetivo policial seguem em fase de licitação
Apesar de esclarecerem o questionamento sobre o patamar que corre a aquisição de câmeras corporais para fardas policiais, o governador Eduardo Leite e o coronel Cláudio Feoli, Comandante-Geral da Brigada Militar, demonstraram certa insegurança quanto a aplicação dessa medida, ressaltando que o processo de adaptação e acordo com o efetivo é necessário para os servidores de segurança pública não sintam a legitimidade de trabalho lesada de alguma forma.
“O receio que sempre existe em relação a questão das câmeras corporais diz respeito a colocar o servidor, que representa o estado, mas é um ser humano, com receio de como serão analisadas as suas ações a posteriori por quem não estava lá na hora de tomar a decisão. Ao deixar de agir pelo receio de como será interpretado a sua nação [não chamarei de omissão], pode trazer um grave prejuízo ao interesse público também ", comentou o governador.