Partidos do RS iniciam articulações eleitorais para a disputa das prefeituras em 2024

MDB, PDT, PP, PT e PTB comandam atualmente cerca de 80% do total dos municípios do Rio Grande do Sul

Por Bolívar Cavalar

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Os cinco partidos com mais eleitores filiados no Rio Grande do Sul já estão iniciando as articulações e o planejamento para as eleições municipais do ano que vem. Os presidentes estaduais de MDB, PDT, PP, PT, e PTB revelaram à reportagem do Jornal do Comércio alguns movimentos e estratégias para o pleito de 2024 no Rio Grande do Sul.
Dos 497 municípios gaúchos, mais de 400 são governados por prefeitos desses cinco partidos, o que representa cerca de 80% do total de cidades no Rio Grande do Sul. Quanto a eleitores filiados, estas siglas, juntas, acumulam mais de 800 mil.

MDB focará nos grandes colégios eleitorais e cidades-polo

Partido com mais eleitores filiados no Estado, o MDB conta hoje com 136 prefeitos e 119 vices no Rio Grande do Sul, sendo que em 58 municípios a sigla governa com ambos. Entre os gestores municipais,72 estão aptos à reeleição. Quanto ao quadro de vereadores, atualmente são1.156 no Estado.
Segundo o presidente do MDB e prefeito de Rio Grande, Fábio Branco, a estratégia para as eleições de 2024 será focar nos principais colégios eleitorais e cidades-polo, mas sem descuidar dos pequenos municípios. “Iremos trabalhar para manter essa tradição nas menores cidades, que é histórica, e avançar nas maiores”, afirma Branco.
O presidente destaca a presença de prefeitos emedebistas nos menores municípios do Estado: “Hoje, dos 357 municípios com até 10 mil eleitores no RS, o MDB administra 100, o que representa 29% do total”.
Branco revela alguns movimentos que o partido vem realizando já pensando no pleito de 2024.
O MDB vem percorrendo todas as regiões do RS desde junho em uma série de 10 encontros macrorregionais.
Além disso, o prefeito de Rio Grande afirma que o partido também atua com suporte de uma comissão eleitoral que tem entre as suas tarefas o mapeamento e prospecção de nomes para a disputa eleitoral do ano que vem.
Em Porto Alegre, o prefeito Sebastião Melo, que é do MDB, tentará a reeleição. O atual chefe do executivo da Capital já conta com o apoio de outros partidos para o pleito do ano que vem.

PDT dará prioridades a municípios com mais de 50 mil habitantes

Com 70 prefeitos, 72 vices e cerca de 730 vereadores, o PDT vem se preparando para aumentar este quadro nas eleições do ano que vem.
De acordo com o presidente do partido, Ciro Simoni, lideranças da sigla vêm percorrendo cidades gaúchas para se preparar para as eleições do ano que vem.
“Na grande maioria dos municípios, temos representação do partido, e essa representação está sendo levada agora a se mobilizar e a ampliar a participação, pensando, obviamente, nesta eleição de 2024”, afirma o dirigente pedetista.
O presidente destaca que o PDT está concentrando esforços para indicar candidatos nos municípios gaúchos que possuem mais de 50 mil habitantes.
“Estamos dando uma atenção especial aos municípios acima de 50 mil habitantes, para que tenhamos participação majoritária, mas pensando também na importância que tem a eleição proporcional com chapas completas de candidatos”, explica Simoni. Segundo o presidente, essas chapas são a “base do partido”.
Em relação a Porto Alegre, o dirigente pedetista afirma que o partido irá compor uma chapa para concorrer à prefeitura da Capital nas eleições municipais de 2024.
Simoni explica, no entanto, que os nomes que integrarão a campanha ainda não foram definidos, e o partido vem analisando as possibilidades para lançar a candidatura no ano que vem.

PP quer eleger mais de 150 prefeitos no próximo pleito

Apesar de não ser a sigla com mais filiações no Estado, o Progressistas lidera no número de prefeitos eleitos no RS. Atualmente são 143 chefes de Executivo municipal, além de 119 vices e 1.274 vereadores. O presidente do PP, Celso Bernardi, celebra o índice: “O partido, nas últimas seis eleições municipais, sempre elegeu o maior número de prefeitos, vices e vereadores, nós temos esta marca de sermos os primeiros no ranking municipalista”.
Mesmo comesse quadro, o PP pretende aumentar ainda mais a sua representatividade no RS nas eleições do ano que vem.
Bernardi afirma que a média do partido é eleger 50% dos candidatos da sigla a prefeito no Estado. No pleito passado, em 2020, o partido indicou 270 políticos, e 145 foram eleitos - dois foram substituídos por vices de outra sigla.
Segundo o presidente, o planejamento para as eleições do ano que vem é registrar ainda mais candidatos. “Agora nós pretendemos ter 300 candidatos, e eu tenho certeza de que com esse número nós elegemos mais de 150 prefeitos”, afirma.
Para as eleições em Porto Alegre, o PP já definiu que irá apoiar a reeleição do prefeito Sebastião Melo (MDB). Quanto aos outros munícipios, o presidente preferiu não citar nomes prematuramente, mas afirma que, dos 143 prefeitos, 83 estão aptos a se reelegerem e a maioria deve concorrer no ano que vem.
 

PT vê cenário positivo para as eleições do ano que vem com Lula na presidência

Partido do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o PT é a quarta agremiação política com mais eleitores filiados no Rio Grande do Sul. A sigla conta hoje com23 prefeitos,32 vices e cerca de 315 vereadores no Estado. A presidente do partido no RS, Juçara Dutra, acredita que as eleições do ano que vem serão de retomada do prestígio do PT. “A gente acha que vai ser um cenário positivo pro PT as eleições de 2024, porque a população brasileira começa a ver os resultados da gestão do governo Lula”, afirma.
De acordo com Juçara, o objetivo do PT é aumentar em pelo menos 50% as bancadas de vereadores no Estado. A presidente ainda afirma que não considera irreal o partido se colocar nessa meta de crescimento também para o número de prefeitos e vices. Para ela, o pleito do ano que vem será de recuperação do PT no Estado. “A gente tem mais de 300 (vereadores), mas a gente já teve, em outros tempos, em torno de 700. A gente quer recuperar esse número”, afirma Juçara. Segundo a presidente, houve redução no quadro de eleitos do PT no último pleito municipal, em relação às eleições anteriores, de 2016.
A petista ainda cita alguns nomes que, mesmo que ainda não confirmados, devem ser candidatos pelo PT no ano que vem. Em Gravataí, o escolhido para concorrer à prefeitura deve ser Daniel Bordignon, enquanto para Santa Maria o deputado estadual e ex-presidente da Assembleia Legislativa Valdeci Oliveira, provavelmente, será o candidato. Juçara ainda fala de Stela Faria para Alvorada e David Almansa para Cachoeirinha. Em Porto Alegre, o PT vem conversando com os partidos da sua federação (PV e PCdoB) e com o PSOL e a Rede para definir como a esquerda irá concorrer à prefeitura da Capital.

PTB pretende apostar em lideranças tradicionais do partido

O quinto partido com mais eleitores filiados no Estado é o PTB. O partido atualmente conta com 33 prefeitos, 30 vices e 370 vereadores. O deputado estadual e presidente do PTB no RS, Elizandro Sabino, afirma que nas eleições do ano que vem o partido pretende privilegiar os políticos que estão há anos na sigla.
Em março de 2021, o partido sofreu com a debandada de lideranças importantes. O presidente nacional dos petebistas, Roberto Jefferson, deflagrou uma crise no PTB do RS, causando a desfiliação em massa de nomes importantes como o do então vice-governador Delegado Ranolfo Vieira Júnior (hoje PSDB).
“Nós vamos priorizar, neste primeiro momento, os fiéis, aqueles que ficaram no PTB, que estão no PTB e não saíram do partido e, por convicções, vão ficar no partido. Em toda eleição, quando chega no período da janela partidária, começam aqueles movimentos de troca de partido”, afirma Sabino.
O presidente diz que, num segundo momento, o PTB pretende indicar candidatos a cidades-polo do Estado. Ele cita municípios como Erechim, Santa Maria e Pelotas.
Por fim, o PTB irá acumular esforços em parcerias com outros partidos com potencial eleitoral. “E por último, a nossa concentração vai ficar nos locais que tivermos coligações com viabilidade eleitoral. Então, o PTB pode não ser o candidato cabeça de chapa, poderá ser de vice ou poderá estar na composição, como aliança, por exemplo”, afirma o deputado.