Sob comando do Centrão após a nomeação do deputado federal Celso Sabino (União Brasil-PA), o Ministério do Turismo opera com baixo orçamento e depende de emendas parlamentares para investimentos.
Dos R$ 580 milhões previstos para o órgão em 2023, mais de 90% - cerca de R$ 540 milhões - estão reservados para indicações de deputados e senadores, cenário que força o novo ministro a negociar com o Congresso para garantir recursos para a própria pasta.
O presidente Lula (PT) oficializou na sexta-feira a troca de comando no Turismo ao exonerar a deputada Daniela Carneiro e nomear Sabino para o cargo de ministro. Ele ainda não foi empossado, mas já despacha do ministério. A medida faz parte da tentativa do petista de ampliar o apoio da União Brasil em votações de interesse do governo - o partido tem 59 deputados e 8 senadores.
A mudança ocorreu após mais de um mês de discussões. No começo da gestão Lula, Daniela era vista pelo Planalto como um ativo por causa da ligação com o eleitorado da Baixada Fluminense, mas se tornou um problema ao petista após romper com a União Brasil e se tornar alvo do Centrão.
Além disso, a Folha de S.Paulo revelou vínculo do grupo político da então ministra com milicianos, tema de uma das primeiras crises no ministério de Lula.
De forma geral, o Turismo atua para tornar o setor mais atrativo e estimular a criação de empregos na área. A pasta ainda banca obras em diversos municípios, o que atrai o interesse de deputados e senadores.
Em 2020, quando o ministério registrou o melhor orçamento sob a gestão Jair Bolsonaro (PL), uma das principais obras da pasta foi a reforma do centro de convenções em Petrolina (PE), orçado em mais de R$ 30 milhões e bancado por emendas do relator.
No mesmo ano, a pasta desembolsou valor similar para melhorar estradas e a infraestrutura de acesso a praias de João Pessoa (PB). Essa obra também utilizou verba das emendas que se tornaram umas das principais moedas de troca de Bolsonaro em negociações com o Congresso Nacional.
O ministério ainda financia reformas de praças, rodoviárias, capelas e edificações públicas. A carta de serviços do Turismo também inclui ações de marketing para o turismo local com verbas de emendas, pagando até R$ 200 mil em cachês de artistas.
Em vídeo divulgado no dia de sua demissão, Daniela afirmou que o ministério estava "sucateado" e reclamou da falta de verba.
Folhapress