“Honestamente, não estou vendo a sociedade com esse debate”, respondeu o governador Eduardo Leite (PSDB) quando questionado sobre a pauta trancada na Assembleia Legislativa pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visa dificultar possíveis alterações nos símbolos oficiais do Rio Grande do Sul - o hino, a bandeira e o brasão de armas. Sem se dizer a favor ou contra a alteração da letra do hino ou à medida que dificulta sua mudança, o governador reconhece que “o hino tem um trecho que machuca uma parte da população gaúcha”. Mas ponderou que “não estão nem fazendo o debate do hino ainda, debate de como faz para alterar o hino”.
A fala à imprensa ao fim da reunião-almoço Tá na Mesa, da Federasul, foi uma resposta sobre a avaliação do Executivo sobre a demora do Parlamento em aprovar Fernando Lemos como presidente do Banrisul. Indicado no fim de abril e sabatinado no Parlamento em 19 de junho, Lemos depende do avanço da pauta legislativa para ter confirmada a sua indicação e assim assumir a presidência do banco.
Para Leite, a discussão travada nas duas últimas terças-feiras na Assembleia “parece ser tentativa de criar uma bandeira para uma ideologia ou para outra, quando na verdade as pessoas estão preocupadas juntamente com geração de emprego, em como a gente melhora a vida nas comunidades”. Mesmo sustentando que respeita o trabalho na casa legislativa, o governador concluiu sua fala dizendo esperar que se “supere logo esse momento” e assim “avançar para pautas mais estruturantes do Estado”.
Prevista para ser votada na sessão desta terça-feira (4), a PEC dos Símbolos não foi apreciada porque, sem votos para garantia da aprovação, o autor do projeto, deputado estadual Rodrigo Lorenzoni (PL), articulou a retirada do quórum, o que fez com que a sessão fosse encerrada antes da abertura da votação. Regimentalmente, a sessão do dia 11 de julho, última antes do recesso, deve iniciar com a apreciação do tema, por já ter sido iniciada. A indicação de Fernando Lemos ao Banrisul também está na ordem do dia.
Sobre a polêmica do hino do Rio Grande do Sul
O debate que gerou a proposição da PEC dos Símbolos gira em torno do trecho do hino gaúcho que fala "povo que não tem virtude acaba por ser escravo". A discussão ganhou força com a eleição da primeira bancada negra da história do Parlamento gaúcho. Já os apoiadores da manutenção do hino como está redigido hoje querem reforçar a proteção aos símbolos do Estado.