Congresso avança na regulação de big techs

Um dos motivos é a pressão devido a ataque a escolas

Por Folhapress

(FILES) In this file photo taken on October 28, 2022, the Twitter logo outside their headquarters in San Francisco, California. - Employee departures multiplied at Twitter on November 17, 2022, after an ultimatum from new owner Elon Musk, who demanded staff choose between being "extremely hardcore" and working long hours, or losing their jobs. "I may be #exceptional, but gosh darn it, I'm just not #hardcore," tweeted one former employee, Andrea Horst, whose LinkedIn profile still reads "Supply Chain & Capacity Management (Survivor) @Twitter." (Photo by Constanza HEVIA / AFP)
Depois de uma tentativa fracassada no ano passado de acelerar projeto que regula a atuação de plataformas no País, o Congresso acerta os últimos detalhes de um texto que deve ser votado até o fim do mês, em meio à pressão sobre redes sociais motivada pelos recentes ataques a escolas.
O relator do texto, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), finalizou nesta segunda-feira (17) uma minuta de substitutivo, incorporando algumas sugestões do governo. Agora, ele começa a rodar as bancadas de deputados para negociar ajustes à proposta que será votada em plenário.
Segundo o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a expectativa é que o projeto, apelidado de PL das Fake News, seja votado nos dias 26 e 27 deste mês.
A última versão com sugestões do governo foi encaminhada no final de março, após o ataque a uma escola estadual de São Paulo que resultou na morte de uma professora, mas antes da invasão a uma creche em Blumenau (SC) na qual quatro crianças foram mortas.
O texto será finalizado em meio a discussões sobre como aumentar a segurança nas escolas e prevenir novos atentados.
No Congresso, a última versão enviada pelo governo inclui um capítulo inteiro para a proteção de crianças e adolescentes, que exige a adoção de medidas adequadas e proporcionais para assegurar um nível elevado de privacidade, proteção de dados e segurança.
Também veda a publicidade ou impulsionamento de conteúdos que defendam, promovam ou incitem ódio, discriminação e intolerância, neguem fatos históricos violentos bem documentados e contenham indícios de crimes contra o Estado democrático de Direito e de terrorismo.
O texto determina ainda que o Congresso crie, até 45 dias após a sanção da lei, uma comissão provisória para elaborar o Código de Conduta de Enfrentamento à Desinformação, com medidas, por exemplo, para impedir a disseminação de fake news e para garantir a desmonetização de conteúdo que contenha desinformação.
A votação ocorre em um contexto em que as big techs sofrem fortes críticas e pressão do governo por causa dos ataques em escolas no Brasil. Em alguns casos, a política de privacidade das empresas entrou em choque com as demandas do Executivo, que exigiu ações concretas para barrar conteúdos com apologia à violência escolar.
O principal alvo de queixas é o Twitter, que, inicialmente, se negou a retirar do ar conteúdo de perfis apontados pelo Ministério da Justiça. A empresa argumentou que o termo de uso da plataforma permite a divulgação do material.
Após a audiência, representantes do Twitter tiveram reuniões internas e decidiram se reposicionar nas discussões. Uma primeira medida foi atender aos pleitos apresentados pelo governo, além de aumentar o escopo de perfis analisados por possível desrespeito às normas de uso da plataforma.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública criou uma portaria na quarta-feira passada que prevê multas de até R$ 12 milhões para as empresas que se recusarem a seguir a nova regulamentação contida no texto. Não há prazo para a norma sair de vigor, ela deve permanecer até o Congresso começar a discutir o tema.
O deputado Orlando Silva afirma que a portaria editada pelo ministro é mais uma demonstração da urgência que tem a aprovação do PL das Fake News.