Conflito entre vereadores marca sessão na Câmara de Porto Alegre

Após forte pressão de colegas, Albrecht se retirou do plenário e retornou apenas quando os ânimos já estavam apaziguados

Por Nikelly de Souza

Discussão começou após Albrecht (de pé) criticar gastos do Legislativo
A sessão desta quarta-feira (8) foi marcada por clima tenso e briga entre parlamentares. O estopim do conflito foi a gravação de um áudio trazido à tona pela vereadora Mônica Leal (PP) em que expõe uma opinião polêmica manifestada pelo parlamentar Tiago Albrecht (Novo) na Rede Pampa de Televisão. No material, Albrecht defende uma reforma tributária e faz críticas aos gastos dos vereadores na Câmara Municipal - que ele considera exagerados em relação ao Legislativo de outros municípios. "O vereador tem R$ 17 mil pra gastar, mais o salário. Tem que cortar as mamatas de várias camadas do serviço público, inclusive de vereadores de Porto Alegre", falou.
Outros parlamentares também demonstraram descontentamento com as declarações de Albrecht na emissora e pediram a abertura de um inquérito na Comissão de Ética da Câmara. A fala mais contundente partiu do ex-presidente da casa Idenir Cecchim (MDB), que pediu à atual presidência da Câmara que encaminhe o caso para julgamento. "Pode avisar o suplente que ele está próximo de assumir, porque nós vamos cassar o mandato dele". "Ele é um oportunista mal-intencionado", esbravejou Cecchim.
Após forte pressão dos colegas, Albrecht se retirou do plenário e retornou apenas quando os ânimos já estavam apaziguados. Ao Jornal do Comércio, o vereador disse não acreditar que sua manifestação será encaminhada à Comissão de Ética. "O calor do momento faz com que as pessoas se exaltem, não acredito que tenha materialidade para isso. Certamente a discussão ficará mais no campo da discordância política."
A sessão também aprovou com placar apertado uma moção de repúdio aos atos antidemocráticos que ocorreram em Brasília no dia 8 de janeiro. A matéria é de autoria dos vereadores Aldacir Oliboni (PT), Giovani Culau e coletivo (PCdoB), Engenheiro Comassetto (PT), Pedro Ruas (PSOL) e Karen Santos (PSOL). A moção foi aprovada com 13 votos favoráveis e 12 contrários.
A matéria gerou desconfiança de alguns parlamentares pelo fato de que o texto carregava o termo "terrorista" - referência aos vândalos que depredaram os prédios dos Três Poderes em Brasília. Isso incomodou parlamentares que disseram ser um erro linguístico gravíssimo. "Vandalismo é diferente de terrorismo", defendeu o vereador Alexadre Bobadra (PL).
Já um dos co-autores da matéria, Giovani Culau e coletivo (PCdoB), defendeu que o termo utilizado para se referir aos manifestantes é irrelevante frente ao acontecimento. "Eu não gostaria de fazer uma discussão sobre linguística, e sim sobre política. Não podemos relativizar o que aconteceu em Brasília, a democracia precisa ser respeitada".