O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), não viajou à Brasília para a posse do novo presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas comentou a relação que o Palácio Piratini pretende adotar com a capital federal. O gaúcho aposta no republicanismo para dialogar junto ao Planalto.
“A relação com o governo federal será republicana e respeitosa. Não é papel de governador de estado estabelecer oposição a um governo eleito. Governamos para o mesmo povo”, afirmou Leite, em entrevista coletiva após a solenidade de transmissão do cargo de governador, realizada no Piratini.
Já em seu discurso de posse, na Assembleia Legislativa, Leite disse esperar uma relação de equilíbrio em relação ao novo governo nacional. "Nós e o governo do presidente Lula atendemos a mesma população aqui no Rio Grande do Sul. Divergimos ideológica e programaticamente em muitos temas, mas não esperem do nosso governo nem subserviência, nem sublevação em relação ao governo federal. Temos pautas comuns, administramos urgências", declarou, no Parlamento gaúcho.
A primeira pauta a ser tratado pelo tucano com o governo federal é a questão das perdas de arrecadação por conta de alterações no ICMS. Leite aposta em sua nova secretária da Fazenda, Pricilla Maria Santana, subsecretária de Relações Financeiras Intergovernamentais da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) desde 2015, para estar à frente das negociações junto à área fiscal da União.
“Nós trouxemos para a secretaria da fazenda alguém que tem conhecimento por dentro do Regime de Recuperação Fiscal (RRF), da situação fiscal dos estados como um todo, a partir do Tesouro Nacional. A questão das perdas de receitas é um problema que não é só do RS, é também de outros estados e municípios. A gente espera que ao longo das próximas semanas, com o novo governo federal, presidente Lula e sua equipe, que a gente possa tratar desse tema viabilizando para o RS as compensações devidas”, disse o governador.
Leite disse que não chegou a tratar assuntos específicos do Estado com Lula. Questionado sobre a proposta de aplicar recursos próprios do Estado em estradas federais, afirmou que deve realizar o investimento caso não haja previsão da liberação de recursos por parte da União.
“O momento da transição é muito dedicado à montagem das equipes. Tanto aqui, quanto lá. não tivemos discussão. Agora, com o governo formado, com um ministro para a área, vamos sentar e conversar. Se houver perspectiva do governo federal fazer ele os investimentos, melhor. Se não houver essa disponibilidade de recursos no horizonte, retomaremos a discussão. É a produção e a população gaúcha que circula nessas rodovias, portanto, é um problema do RS, disse o governador.