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Lula é eleito presidente do Brasil pela 3ª vez
Com 50,90% dos votos válidos (60.345.999), petista retornará ao Palácio do Planalto em 1º de janeiro de 2023
Encerrando uma das disputas eleitorais mais acirradas da política nacional recente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 77 anos, sagrou-se vencedor nas urnas ontem, em um segundo turno apertado, no qual superou seu oponente, o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), por uma diferença de 2,1 milhões de votos.
O petista, que obteve 50,90% dos votos válidos (60.345.999) contra 49,10% (58.206.354) de Bolsonaro, retornará ao Palácio do Planalto a partir de 1º de janeiro de 2023, ao lado do vice Geraldo Alckmin (PSB), com o desafio de pacificar o País e acelerar a retomada do desenvolvimento econômico e social.
Lula é o primeiro nome da história da República a ser eleito três vezes presidente, repetindo os feitos de 2002 e 2006. No entanto, o Brasil que será herdado pelo ex-presidente tem características muito distintas do que ele assumiu há 20 anos.
Lula venceu em 13 estados, enquanto Bolsonaro ficou na frente em 14, contando o Distrito Federal. Em seu primeiro pronunciamento, por volta das 20h50min, Lula agradeceu os votos recebidos e desabafou: "Eu me considero um cidadão que teve um processo de ressurreição na política brasileira, porque tentaram me enterrar vivo, e estou aqui para governar este País".
Assim como ocorreu no primeiro turno, em 2 de outubro, o petista não aparecia como o mais votado na primeira hora de apuração, mas conseguiu virar às 18h44min, quando chegou a 50,01% dos votos apurados até o horário (40.084.172), contra 49,99% (40.075.683) de Bolsonaro.
Ao longo de todo o dia, incerteza e apreensão dominaram a campanha de Lula. Principalmente após denúncias de operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) que teriam prejudicado a circulação de eleitores em estados do Nordeste.
Lula votou às 9h20min, em São Bernardo do Campo, seu berço político, onde afirmou que esse era "o dia mais importante de sua vida".
Diferentemente do primeiro turno, quando acompanhou a apuração em um hotel, desta vez Lula esperou a contagem das urnas em casa, de onde só saiu após a proclamação do resultado, às 19h54min, quando se dirigiu ao Hotel Intercontinental, de onde se manifestou pela primeira vez.
Após a totalização, o presidente eleito se dirigiu à Avenida Paulista, onde ocorreu a festa da vitória. Em Porto Alegre, as comemorações se concentraram no bairro Cidade Baixa.
'Roda da economia vai voltar a girar', diz petista
Em seu primeiro discurso após ser eleito presidente pela terceira vez, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) agradeceu a todos os que votaram neste domingo e prometeu encontrar uma saída para o País voltar a ter paz e viver democraticamente. Falou também em diálogo com Congresso e Judiciário.
Em sua manifestação no Hotel Intercontinental, em São Paulo, abordou avanços sociais e na economia. "A roda da economia vai voltar a girar." Também destacou a geração de renda, o combate à fome e o programa de inclusão e moradias. "Vou governar para todos os brasileiros, e não somente àqueles que votaram em mim."
Segundo ele, não interessa a ninguém viver em um País dividido. "Este País precisa de paz e de união. Esse povo está cansado de enxergar no outro um inimigo a ser temido ou destruído."
Em discurso na Avenida Paulista, Lula mostrou preocupação com a governabilidade. "Estou metade alegre e metade preocupado, a partir de amanhã (hoje) tenho que me preocupar como que a gente vai governar esse País", declarou. "Eu preciso saber se o presidente vai permitir que haja uma transição", acrescentou o petista.
Sob aplausos e gritos da militância, dedicou sua vitória à democracia e ao povo brasileiro. "Essa, de todas as vitórias que eu tive, é a mais consagradora porque nós derrotamos o autoritarismo", afirmou o presidente eleito. Lula também afirmou que Jair Bolsonaro (PL), até agora, não ligou para ele. "Em qualquer lugar do mundo, presidente derrotado já teria ligado se reconhecendo derrotado. Não sei se vai ligar."
A vitória do petista simboliza o ápice da reviravolta na carreira política de Lula, que teve a prisão decretada pelo juiz Sergio Moro em abril de 2018. Lula foi solto em novembro de 2019, e em março de 2021 recuperou os direitos políticos.