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Cláudia Jardim quer valorizar os servidores públicos
Candidata promete uma gestão mais próxima da vida das pessoas
Caren Mello e Mauro Belo
Candidata a vice-governadora na chapa de Onyx Lorenzoni (PL) ao governo do Estado, Cláudia Jardim, também do PL, é professora da rede pública estadual há 20 anos. Com experiência de vereadora por dois mandatos em Guaíba e hoje vice-prefeita, disse que está preparada para contribuir na gestão do RS.
Mais conhecida como Professora Claudinha, ela afirma que a educação é uma de suas prioridades. Se eleita, pretende, nos primeiros três meses da gestão, visitar todas as 30 Coordenadorias Regionais de Educação para escutar as bases.
Nesta entrevista ao Jornal do Comércio, ela diz que outra ênfase do mandato será a geração de emprego. "Precisamos desburocratizar, tirar as pedras do caminho para quem quer empreender e gerar emprego e renda."
Jornal do Comércio - Qual será o seu papel como vice-governadora?
Cláudia Jardim - O meu papel será o de quem vai estar ao lado do Onyx. Na nossa organização, na construção do plano de governo, desde a pré-campanha, estamos sempre lado a lado nas decisões, na escolha de prioridades. Como servidora pública, vou ter o papel de ser uma interlocutora, de fazer o acolhimento do servidor.
JC - Assumir uma secretaria seria uma possibilidade?
Cláudia - Não temos nenhuma definição. Como a nossa é uma chapa pura, ela não fez uma composição de partidos, estamos fazendo as construções nas etapas que elas devem acontecer, mostrando ao povo gaúcho qual é a nossa proposta de governo, desde a concepção até as propostas mais complexas. Estamos nesta etapa, de mostrar para as pessoas o nosso projeto. Nossa ideia é estar mais perto das pessoas, é fazer interiorizações, com o governador indo para um lado (do Estado), e eu, para o outro. Nos primeiros três meses da gestão, vou visitar todas as 30 Coordenadorias Regionais de Educação para escutar as bases.
JC - Quando anunciou a chapa, o candidato Onyx disse que seu nome faria a administração "mais próxima da vida real". O que ele quis dizer com isso?
Cláudia - Eu sou uma pessoa da vida real, sou uma mulher que mora em Guaíba, professora, tenho cinco filhos, faço essa conciliação de atuar na política e da questões que as mulheres e as mães têm, as que ainda carregamos na sociedade. Sou vice-prefeita em Guaíba, que é uma comunidade com muitas dificuldades. Em janeiro, por exemplo, eu estava como prefeita em exercício, tivemos um temporal, liderei um processo em que 8 mil famílias tiveram suas casas destelhadas.
JC - A senhora é reconhecida por esta proximidade com a comunidade, pela assistência social. Qual o projeto para a população mais vulnerável e em situação de rua?
Cláudia - Precisamos desburocratizar, tirar as pedras do caminho para quem quer empreender e gerar emprego e renda. Teremos a Secretaria da Primeira Infância, que vai fazer articulação entre Assistência Social, Educação, Saúde e a Secretaria da Mulher e da Família, para poder trazer a capacitação e qualificação para as nossas mulheres. O Estado tem que estar mais presente, buscando regionalizar e fazer os trabalhos em rede. Sobre as pessoas em situação de rua, este é um problema bem maior na Região Metropolitana. No Interior, é possível organizar melhor. Temos o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos do governo federal), que é a compra de produtos da Agricultura Familiar. Queremos fazer um programa estadual para fortalecer ainda mais agricultura familiar e dar mais qualidade na alimentação dessas famílias atendidas. Todos somos importantes para o Rio Grande voltar a ser forte. A gente não pode tratar nenhuma pessoa como invisível.
JC - Quais os projetos para área de saúde mental?
Cláudia - Hoje o atendimento é direto nos Caps (Centro de Atenção Psicossocial). Por isso que sou repetitiva: é importante fortalecer o trabalho nas regiões. Em relação aos servidores, tanto da educação, como da segurança, muitos estão doentes. A cada cinco profissionais da educação, um está precisando tomar medicação. A gente tem que iniciar cuidando da casa, olhando para esse servidor e, a partir daí, olhar para a população. A pandemia nos deixou com altos índices de automutilação, tentativas de suicídio. É preciso um projeto mais amplo que só o atendimento. A prevenção é muito importante. Queremos fazer um trabalho forte no (na área do) esporte. O projeto RS em Campo vai promover a organização de quadras poliesportivas, com acessibilidade.
JC - O Estado bateu recordes em evasão escolar na pandemia de Covid. Como reverter este quadro?
Cláudia - Primeiro, é preciso resgatar a autoestima dos nossos profissionais. A evasão está em 10,7%, que é o dobro da média nacional. A gente quer reorganizar a educação profissional, revendo os cursos técnicos, de acordo com as vocações das regiões. Temos também uma proposta de organização por metas. Focar muito no Plano Nacional de Educação e no Plano Estadual, que estabelece metas para o profissional e vai trazer um aumento de até 30% no salário do professor que conseguir alcançar essas diretrizes. O turno inverso no Ensino Fundamental também vai ser importante. Vamos ampliar o projeto da escola cívico-militar porque traz uma metodologia diferente.
JC - Este aumento de 30% seria a partir de meritocracia?
Cláudia - Sim. Mas tem também uma questão importante, que o piso nacional no nível I. Temos grandes desafios, e precisamos ter muita coragem para enfrentar. Carrego essa responsabilidade de forma muito forte porque eu sou professora, é minha essência. É preciso estabelecer metas, ter um olhar para o servidor, a merendeira, o monitor, o agente, a secretária. E, também, reforçar a Educação Especial, na deficiência nas altas habilidades. São desafios que nos enchem de motivação.
JC - Mas terá que lidar com limitação de recursos, inclusive em função do Regime de Recuperação Fiscal.
Cláudia - Vamos rever o regime. Queremos, inclusive, baixar impostos. Com impostos menores, as pessoas vão ter mais condições de consumir, de fazer a economia girar.
JC - A campanha acirrou os ânimos, dividiu as famílias e o Estado. Como trabalhar para voltarmos a ter um clima de paz?
Cláudia - Com trabalho. As pessoas vão ver que a Claudinha e o Onyx não irão fazer um governo para alguns. O governador e a vice-governadora têm que ter um compromisso com a população gaúcha. Queremos um estado forte, uma população feliz, que valorize a sua terra, a nossa tradição. Queremos que as oportunidades venham aqui, para os nossos filhos, nossos netos, que eles não precisem ir para Santa Catarina, para São Paulo. Aqui é o nosso lugar.
Perfil
Natural de Guaíba, Cláudia Pelegrino Jardim Pereira é natural de Guaíba. Com 40 anos, tem formação em Letras, Pedagogia, com especialização em Gestão Escolar e Educação Especial. Foi vereadora em dois mandatos: no primeiro, em 2012, pelo Progressitas, e, em 2016, pelo DEM.
Como marca de seu primeiro mandato aprovou projetos de Leis de Libras, sobre o Autismo e o Educador do ano, sendo a parlamentar com o maior número de proposições apresentadas.
Claudinha Jardim foi secretária da Mesa Diretora da Câmara de Vereadores de Guaíba, no ano em que a Casa Legislativa recebeu o "Prêmio Transparência", do Tribunal de Contas da União (TCE). Foi secretária de Educação de Guaíba até fevereiro de 2022, quando deixou a pasta.
Atualmente é vice-prefeita de Guaíba.