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Repercute nas ruas suspensão do passe livre no dia das eleições em Porto Alegre
Cristiane Medeiros está revendo o exercício da democracia
Mauro Belo Schneider/Especial/JC
Mauro Belo Schneider
Os usuários de ônibus de Porto Alegre estão insatisfeitos com a suspensão do passe livre dos ônibus no dia das eleições. Na manhã desta quarta-feira (28), a maioria das pessoas não sabia da notícia, divulgada pela coluna Pensar a Cidade, do Jornal do Comércio, em primeira mão.
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O aposentado Juarez Silva não concorda. “Eu acho que não é possível uma coisa dessa. O voto é obrigatório, e tem tanta gente que está em situação abaixo da linha da pobreza e não tem dinheiro para pegar um ônibus e ir votar. É o fim da picada. Deveria ter passe livre, principalmente para a comunidade carente”, avalia.
A cuidadora Ester Moreira acha um absurdo, até porque, no domingo (2), ela estará trabalhando, o que exigirá deslocamento. “Sempre, nas eleições, tem ônibus de graça. Terei que me deslocar em quatro passagens”, contabiliza.
Cristiane Medeiros vota em Sapucaia do Sul e está revendo sua participação no pleito. Para exercer a democracia, ela precisa usar o transporte público, incluindo ônibus e trem. “Eu sou uma que não sei mais se vou votar”, revela.
A eleição de 2022 será a primeira em quase três décadas sem passe livre nos ônibus do transporte coletivo de Porto Alegre. Em dezembro de 2021, o legislativo aprovou e o prefeito Sebastião Melo (MDB) sancionou lei de autoria do próprio governo municipal que alterou as regras para o dia de isenção tarifária.
Foi revogado o parágrafo que definia, dentre outras datas, "os dias de eleições em qualquer nível" como dias que a população poderia utilizar os ônibus sem pagar a tarifa. A isenção de tarifa está agora restrita a seis ocorrências por ano: no dia de Nossa Senhora dos Navegantes (2 de fevereiro) e em campanhas de vacinação de grande relevância e alcance, conhecidas como "Dia D".
O prefeito Sebastião Melo ainda não se manifestou sobre a polêmica. O secretário de Mobilidade Urbana de Porto Alegre, Adão Castro Júnior, disse em entrevistas a rádios que não há previsão de alteração na medida. "Um passe livre em um fim de semana representa desencaixe de mais de R$ 1,2 milhão que deveria ser custeado pela prefeitura. Isso não é algo simples", explicou. Ao JC, ele disse que "a lei foi amplamente debatida em 2021 com a sociedade".
"O sistema de transporte, até 2019, era totalmente custeado pelo passageiro pagante. Não é justo que quem mais precisa pague essa conta", complementou, ressaltando que nenhuma capital do Brasil isenta a passagem no dia de eleições, com exceção de Manaus.
Neste ano, conforme a assessoria de Mobilidade, Porto Alegre liberou o passe no dia 2 de fevereiro (Feriado de Navegantes), em 30 de abril (dia D de vacinação da gripe e sarampo) e em 20 de agosto (dia D de vacinação para poliomelite e multivacinação).
O aposentado Juarez Silva acha que muitas pessoas não têm dinheiro para pegar ônibus. Foto: Mauro Belo Schneider/Especial/JC