O Tribunal de Contas da União (TCU) enviou nesta quarta-feira ao Ministério da Defesa uma série de questionamentos a respeito da checagem paralela das urnas que a pasta pretende fazer nas eleições deste ano. As perguntas enviadas pelo tribunal de contas à Defesa foram feitas por meio de ofício encaminhado pela secretária-geral de Controle Externo da corte, Dione Mary de Cerqueira Barbosa.
No documento, ela pede que a Defesa diga se fará de fato a checagem dos boletins de urna, os critérios que serão usados e qual o objetivo do ministério com a conferência paralela. O ofício pergunta, por exemplo, se a intenção é comparar o resultado da apuração com o placar da eleição. E, caso sejam achadas divergências entre os dados da checagem com os do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), quais os testes as Forças Armadas farão para conferir as informações.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, as Forças Armadas pretendem verificar a totalização de votos de 385 urnas no dia 2 de outubro, com o objetivo de checar se eles correspondem aos que serão retransmitidos para o sistema do TSE.
Diante da notícia a respeito do plano da Defesa, o TCU também decidiu realizar a apuração, mas com base nos boletins de 4.161 urnas nos 26 estados e no Distrito Federal.
A fiscalização da corte de Contas foi estimulada por integrantes do TSE porque ela poderá servir como um contraponto à checagem que a Defesa quer fazer.
Os próprios questionamentos do TCU são interpretados como uma forma de demonstrar às Forças Armadas que há vigilância sobre o procedimento que eles pretendem encampar. No ofício enviado nesta quarta à Defesa, a Secretaria-Geral de Controle Externo informa que o TCU realiza auditoria sobre o sistema eleitoral brasileiro desde 2021 e que, na fase atual, a corte executará "procedimentos relativos à integridade dos boletins de urnas".
A secretária-geral escreve que tomou conhecimento pela imprensa sobre a intenção das Forças de coletar 385 boletins de urnas pelo País, e questiona se tal procedimento será de fato realizado.
O TCU questiona qual será a amostragem escolhida pela Defesa, se será aleatória, qual a fundamentação do método escolhido, qual o nível de confiança da verificação, como e por quem serão coletadas as informações, por exemplo.
Depois, pergunta qual é a intenção da Defesa com a checagem paralela. Para isso, a auditoria precisa ser feita nos locais de votação, com a biometria de eleitores voluntários. O TSE decidiu ceder ao pedido dos militares e aplicar a biometria em até 10% das 640 urnas que serão avaliadas neste ano.