Caren Mello, especial para o JC
O terceiro encontro entre os candidatos ao Governo do Estado, marcou, nesta terça-feira (16), o início oficial da campanha eleitoral no Rio Grande do Sul. Promovido pela Rádio Gaúcha, o debate, na RBS TV, seguiu a tendência registrada em outras duas ocasiões – na Band e na Federasul – de críticas ao ex-governador Eduardo Leite, mas com um tom a mais. Educação, segurança, saúde e finanças do Estado foram temas preferenciais tanto nas críticas ao candidato tucano, como nas propostas pessoais de governo.
Edegar Pretto (PT), Eduardo Leite (PSDB), Luis Carlos Heinze (PP), Onyx Lorenzoni (PL), Ricardo Jobim (Novo), Roberto Argenta (PSC), Vieira da Cunha (PDT) e Vicente Bogo (PSB) responderam, durante quase duas horas, a perguntas previamente selecionadas e debateram entre si, com mediação da jornalista Andressa Xavier e participação da colunista Rosane de Oliveira. De acordo com a organização, como critério, foram escolhidos candidatos de federações e coligações com, no mínimo, cinco representantes no Congresso Nacional.
No primeiro bloco, cada candidato respondeu a uma pergunta de ouvintes do interior do Estado. Roberto Argenta garantiu a um santa-mariense a duplicação da faixa que leva ao bairro Camobi. Leite, que, pelo sorteio, respondeu sobre o aumento de investimentos em estradas, aproveitou para lembrar que deixou pronto o projeto de duplicação na região de Santa Maria. Ao ser questionado sobre atenção a crianças do espectro autista, Ricardo Jobim defendeu o projeto “home schooling”, ao mesmo tempo que destacou a importância da inclusão em escolas regulares.
Sobre Segurança, Vicente Bogo falou da necessidade de investimentos na área e, também, de ressocialização dos cerca de 40 mil apenados no Estado. O financiamento público com juros menores voltado aos músicos foi destacado por Edegar Pretto, ao lembrar que o setor gera emprego e renda. A interligação entre rodovias, ferrovias e hidrovias foi o tema desenvolvido por Onyx Lorenzoni sobre logística. Já Vieira da Cunha, ao ser questionado sobre agricultura familiar, lembrou que o RS tem como base o setor primário, sendo fundamental valorizar a extensão rural, fortalecendo a Emater. Heinze, ao falar sobre as microempresas, citou seu trabalho como senador em defender maiores recursos para o setor.
No segundo bloco, os candidatos fizeram perguntas entre si com tema livre, quando, por várias vezes, o ex-governador foi atacado. Edegar Pretto perguntou para Onyx quem estaria com a razão, ele ou Leite, uma vez que, no embate anterior, ambos citaram números diferentes sobre o PIB do Estado. “Leite teve apoio de Onyx no seu governo e votou em Bolsonaro. Ambos são responsáveis pela que de 8% do PIB no Estado”, disse Pretto. Na sua vez, Onyx subiu o tom contra Leite, criticando a decisão “unipessoal” de negociar a dívida do RS, sendo que um relatório do TCE desaconselhou o acordo. “Foi um crime de lesa pátria”, classificou. Jobim também atacou o ex-governador, ao ser questionado por Bogo sobre o tema fome. Disse que o candidato tucano provocou o desemprego durante a pandemia. Leite, por outro lado, não rebateu, nem pediu direito de resposta. A réplica veio nas considerações finais. “Consegui a união de todos os candidatos contra mim. Mas é preciso união para buscar soluções”, comentou o candidato, o único a estar acompanhado do seu vice, Gabriel Souza.
O terceiro bloco foi reservado a perguntas de representantes de setores relevantes da sociedade. Presidente da Fecomércio, Luiz Carlos Bohn questionou a carga tributária prejudicial a grandes e pequenas empresas, enquanto que o da Farsul, Gedeão Pereira, suscitou programas de irrigação para combater os períodos de seca. Claudio Teitelbaum, do Sinduscon, quis saber sobre projetos de fomento às empresas de construção civil, e a desigualdade na Educação foi levantada pela professora Mônica Timm, do Pacto pela Educação. O presidente da Fiergs, Gilberto Petry, questionou iniciativas que não deixem empresas desistirem do Rio Grande do Sul, cooptadas por Estados mais atrativos. A Fetag também foi representada pelo presidente Carlos Joel, interessado no orçamento para a agricultura.
As formas de melhorar os índices na área da Educação foi a pergunta escolhida pela organização do debate como única do terceiro bloco. Enquanto Bogo citou a atualização das diretrizes político-pedagógicas, Heinze falou da organização do Sistema S, e, Argenta defendeu a escola como formação de líderes. Jobim quer a privatização do Banrisul para a formação de um fundo direcionado à Educação, e Onyx prometeu a criação da Secretara Estadual da Primeira Infância. Enquanto Leite citou os programas já desenvolvidos em seu governo e garantiu o reforço com o terceiro setor, Vieira da Cunha projetou a criação de Escolas de Tempo Integral, principalmente em regiões mais afetadas economicamente. “Em Educação a gente não gasta, a gente investe”, disse, lembrando do que dizia o líder pedetista Leonel Brizola.