Atualizado às 14h45min
Caren Mello, especial para o JC
O pré-candidato Beto Albuquerque (PSB) anunciou no início da tarde desta segunda-feira (1) sua saída da vida pública. Ele não disputará o Governo do Estado e, tampouco, qualquer outro cargo no futuro. O partido, no entanto, manterá a candidatura ao Piratini, incluindo um vice-governador, e ao Senado. Em seu lugar, concorrerá Vicente Bogo, em chapa pura: na vice, concorre Josiane Paz e, para o Senado, o candidato será o vereador de Porto Alegre Airto Ferronato.
“Não é o dia mais feliz para quem está há 32 anos na vida partidária. Encerro minha vida pública. Lutei muito para ser governador. Lutei, desejei ser, mas não basta ser candidato, tem que ter viabilidade”, disse, ao ressaltar que também vinha construindo com a família a decisão de concorrer a cargos até, no máximo, seus 60 anos, em janeiro próximo. Acerca de viabilidade, citou a falta de uma aliança, 40 segundos de tempo de TV no período de propaganda e, como consequência, os recursos para campanha.
Acompanharam o anúncio, em coletiva de imprensa, a esposa Daniela Miranda, o presidente do PSB no RS, Mário Bruck, e do coordenador de campanha, Sandro Severo, além de integrantes da Executiva Estadual.
O ex-deputado federal relatou as conversas que teve com a Federação PT, PCdoB e PV e, também com o PDT, lembrando que o critério para as negociações foi a posição anti-Bolsonaro de ambos. Em todos os encontros, explicou a intenção de não mais concorrer e, também, garantindo o apoio futuro a quem estivesse agora como vice na chapa. Todas as conversas foram infrutíferas, mesmo, lembrou ele, considerando a existência de pesquisa que chegaram apontá-lo com 12% das intenções.
A vida partidária, no entanto, não deverá ser abandonada. Beto se dedicará mais à advocacia e ao Instituto Pietro, mas tem a incumbência pela Executiva Nacional de trabalhar junto às candidaturas estaduais.
Os novos nomes para as eleições no Estado foram anunciados pela sigla no fim da tarde desta segunda-feira, em comunicado em que o PSB disse reafirmar "decisão do Congresso Estadual" de "ter candidato próprio ao governo do Estado". De acordo com Mário Bruck, o PSB mantém o palanque aberto para Lula no Estado. Disse que não foi possível a construção com o PT em função da presença do PSOL, com o qual as diferenças, de ambos os lados, são públicas, enquanto que, com o PDT, a dificuldade seria o palanque já garantido a Ciro Gomes.
Beto, que insistiu sempre em cabeça de chapa para o partido, não acredita que a posição tenha sido impeditivo, uma vez que “o PSB andou sempre na carroceria, apoiando muita gente”, e que teria chegado a hora de “dirigir o caminhão”. “Tem sido muito difícil dialogar com os iguais. Às vezes é mais fácil conversar com os diferentes. Isso me dá uma desesperança.”
O PSB entende que pode ser protagonista em uma eleição ainda incerta e estando entre os oito maiores partidos do país e do Estado. Outra avaliação é de que faltou uma maior atenção do ex-presidente Lula no Estado, que é o 5º colégio eleitoral, e revelou que o PSB sequer foi convidado para o lançamento da candidatura nacional. Por fim, o ex-candidato disse não ter ressentimentos. “Aqui o PSOL não aceita o PSB, mas aceita (Geraldo) Alkmin como vice de Lula. Que bom que a esquerda evoluiu.”