Em uma reunião-almoço com o governador Eduardo Leite (PSDB), nesta quinta-feira (11), no Palácio Piratini, um grupo de 13 deputados federais e um senador tucanos fizeram um "chamamento" para que Leite participe da construção da candidatura do PSDB à presidência da República em 2022.
Os parlamentares querem que o governador viaje pelo Brasil discutindo o projeto nacional do partido para a próxima eleição. Embora a maioria dos participantes tenha evitado chamar Eduardo Leite de pré-candidato a presidente, alguns deputados admitiram essa possibilidade.
Leite, os parlamentares federais, alguns secretários do Estado e a bancada de deputados estaduais do PSDB se sentaram à mesa do Galpão Crioulo, no Palácio Piratini, por volta do meio dia.
O governador fez uma apresentação aos visitantes sobre as reformas promovidas pela sua gestão nos dois primeiros anos de mandato. Ele citou, especificamente, a reforma da previdência estadual, a reforma administrativa e o modelo de distanciamento controlado do Rio Grande do Sul. Oficialmente, essa era a pauta da reunião-almoço.
Entretanto, outro tema acabou ganhando maior importância no encontro: o chamado para que Eduardo Leite participe da construção da candidatura do PSDB à presidência da República em 2022. Entre os jornalistas e assessores que aguardavam o final da reunião, houve quem opinasse que este era o verdadeiro motivo da reunião.
O tema eleitoral ficou mais claro, quando o deputado federal e presidente do PSDB de Minas Gerais, Paulo Abi-Ackel, saiu da reunião-almoço mais cedo, pois precisava pegar um voo de volta a Belo Horizonte. Ao sair do Galpão Crioulo, ele conversou brevemente com os repórteres de veículos locais e nacionais.
"Fizemos um chamamento para que ele (Eduardo Leite) ande pelo País, se apresente mais em Brasília, viaje mais pelos estados brasileiros. Ele pode, sem dúvida nenhuma, se apresentar como um personagem nacional e, portanto, se colocar, sim, como um pré-candidato à presidência da República", resumiu Abi-Ackel.
Como pré-candidato à presidência pelo PSDB, Leite enfrentaria o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que tem se fortalecido como possível candidato do PSDB para disputar o Palácio do Planalto em 2022. Aliás, Doria já fala como uma das principais lideranças tucanas - chegando a pedir energicamente o afastamento do deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) do partido; e uma oposição veemente ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
"Os que não quiserem fazer oposição ao governo Jair Bolsonaro, ao governo negacionista de Jair Bolsonaro, peçam para sair do PSDB", chegou a dizer o governador de São Paulo, em entrevista coletiva nesta quarta-feira, no Palácio dos Bandeirantes. A fala desencadeou uma crise dentro do partido.
Contudo, ao final da reunião-almoço no Galpão Crioulo, quando os parlamentares federais e Leite responderam a perguntas de jornalistas, eles negaram um confronto com Doria. Repetiam, como um mantra, "este encontro não é contra ninguém". Também evitaram falar abertamente sobre uma pré-candidatura de Eduardo Leite. Apesar disso, criticaram posições defendidas pelo governador de São Paulo.
Por exemplo, quanto à oposição a Bolsonaro, tanto Leite quanto os congressistas defenderam que "o PSDB não deve fazer oposição pela oposição". "O PSDB deve ter posição clara em relação aos arroubos autoritários do presidente, em relação às manifestações antidemocráticas, de desrespeito a setores ou grupos da sociedade, simplesmente por que eles pensam diferente. Mas, no que diz respeito a ajudar o País a dar solução a problemas crônicos, (...) aí ser oposição simplesmente para causar dificuldades ao governo seria uma irresponsabilidade, mesquinharia, egoísmo", ponderou Leite.
Ao aceitar o chamado para viajar pelo Brasil, construindo o projeto nacional que será defendido pelo PSDB em 2022, Eduardo Leite disse que os tucanos "têm uma forma de fazer política que precisa ser recuperada no Brasil. Temos que focar no resultado para a população, e não desperdiçar energia em confrontos e conflitos absolutamente estéreis, que não levam a lugar nenhum".
E concluiu: "o PSDB não deve sucumbir a essa prática política que busca destruir alguém para ocupar espaços, para protagonizar um processo político ou eleitoral. Acho que este é o principal chamado, ajudar a recuperar uma forma de fazer política. Oportunamente, vai se discutir quem irá representar esse projeto".