Izabel Vianna Villela
Alimentos, medicamentos, dispositivos médicos, agroquímicos, produtos para Pets, cosméticos, saneantes. Praticamente tudo que usamos em nosso dia a dia passa por uma avaliação toxicológica para comprovar sua segurança para utilização ou consumo. O trabalho de excelência da toxicologia está diretamente ligado às técnicas e regulações nacionais e internacionais que garantem que humanos, animais e meio ambiente possam viver, utilizar, manipular, comer e respirar sem riscos de intoxicação, doença ou morte.
A avaliação toxicológica interpreta os relatórios de testes para estimar a segurança do produto, orientando o fabricante sobre possíveis ajustes necessários nos processos de fabricação, formulação ou padronização. Com a comprovação da segurança do produto, é possível sua regularização junto ao órgão responsável, como Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A inclusão da avaliação toxicológica na orientação correta de um processo inicial de regularização também significa, em alguns casos, ganhar mais de 10 anos no tempo necessário para a obtenção do registro de um produto.
A avaliação toxicológica também leva em consideração o tipo de uso do produto analisado, colaborando para a análise mais precisa de substâncias, como o polimetilmetacrilato (PMMA). A substância plástica popularizou-se como "preenchedor", porém, tem provocado até a morte de pacientes com usos e aplicações indevidas. Do ponto de vista toxicológico, a matéria-prima PMMA não é classificada como perigosa pela Agência Europeia de Químicos (ECHA, em dados de 2021). Contudo, é liberado para utilização como tratamento reparador em correções volumétricas faciais e corporais, tratando alterações provocadas por sequelas de doenças como a AIDS e a paralisia infantil. Outro exemplo é o uso de Botox de marcas não aprovadas pela Anvisa levou a casos de botulismo. Estes casos intensificam o alerta da importância de usar somente produtos aprovados, que tiveram sua segurança avaliada do ponto de vista toxicológico, respeitando o uso indicado e aplicado por profissionais qualificados.
PhD, Diplomate of the American Board of Toxicology (DABT) e CEO da InnVitro Suporte e Gestão em Toxicologia